Usina nuclear britânica enfrenta processo por falhas na segurança

Órgão regulador da segurança nuclear do Reino Unido anunciou que vai processar a empresa que administra a central nuclear Sellafield por “supostas infrações à segurança da tecnologia da informação”
Da Redação
01/04/2024

O órgão regulador da segurança nuclear do Reino Unido, o Office for Nuclear Regulation (ONR), anunciou que vai processar a empresa que administra a central nuclear Sellafield, localizada no condado de Cúmbria, no Norte do país, por “supostas infrações à segurança da tecnologia da informação durante um período de quatro anos, entre 2019 e o início de 2023”.

O ONR não deixou claro, porém, se os altos executivos da estatal enfrentarão acusações. De acordo com os Regulamentos de Segurança das Indústrias Nucleares de 2003, pessoas condenados por um crime envolvendo usinas nucleares podem pegar até dois anos de prisão. “Não há nenhum indício de que a segurança pública tenha sido comprometida”, disse o regulador na quinta-feira passada, 28, acrescentando que a decisão de mover uma ação judicial é resultado de uma investigação.

A usina Sellafield já tinha sido foco anteriormente de atenção da agência reguladora devido a falhas de segurança cibernética, como revelou o relatório anual do inspetor-chefe nuclear do Reino Unido no ano passado. A EDF, empresa que opera várias centrais nucleares na Grã-Bretanha, foi alvo de medidas semelhantes.

O reator nuclear de Sellafield foi desativado em 2003, mas o extenso complexo continua a ser a maior instalação nuclear da Europa, com o ONR o descrevendo como “uma das instalações nucleares mais complexas e perigosas do mundo”. Abriga mais plutónio — em particular os isótopos criados como subproduto das operações de reatores nucleares — do que qualquer outro local do planeta, juntamente com uma série de instalações para desmantelamento nuclear e processamento e armazenamento de resíduos. 

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Sellafield foi o local do pior acidente nuclear do país, em 1957, quando um reator pegou fogo, provocando a propagação de material radioativo na atmosfera por toda a Grã-Bretanha e Europa.

Ataques cibernéticos a sistemas de tecnologia operacional (TO) de centrais elétricas nucleares são raros, mas não inéditos — o malware Triton descoberto na Arábia Saudita em 2017 entre os exemplos mais conhecidos e preocupantes. Não se sabe se os supostos hackers russos por trás do ataque poderiam ter concebido um método para superar os mecanismos de segurança que evitam uma explosão.

A notificação do ONR à usina de Sellafield (em inglês) pode ser acessada clicando aqui.

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