Clop passa a liderar ‘mercado’ de ransomware após hack ao MOVEit

A gangue de ransomware desbancou o notório LockBit ao ser responsável por 171 dos 502 ataques em julho, um aumento de 16% em relação aos 434 contabilizados em junho
Da Redação
25/08/2023

O número de ataques de ransomware em julho aumentou mais de 150% na comparação com o mesmo mês do ano passado e os operadores do ransomware Clop foram responsáveis por mais de um terço desses incidentes. A gangue assumiu a liderança do LockBit como a principal ameaça de ransomware depois de explorar uma vulnerabilidade de dia zero no aplicativo de transferência de arquivos MOVEit em junho. 

O Grupo NCC registrou 502 ataques relacionados a ransomware em julho, um aumento de 16% em relação aos 434 contabilizados em junho e de 154% na comparação com os 198 ataques vistos em julho de 2022. A gangue Clop foi responsável por 171 (34%) dos 502 ataques, enquanto o LockBit ficou em segundo lugar com 50 ataques (10%).

Embora os ataques ao aplicativo tenham sido usados para roubo de dados e subsequente extorsão, eles não envolveram a implantação do ransomware em si, ainda que seus operadores estejam associados ao Clop e tenham recebido o crédito pela campanha.

Depois que a notória gangue Conti se desfez, LockBit passou a reinar absoluto no “mercado” de  ransomware, assumindo o comando desde meados do ano passado. Os operadores do ransomware renovaram seu programa de afiliados para preencher a lacuna e atrair ex-parceiros do Conti. As operações de ransomware como serviço (RaaS), como o LockBit, dependem de colaboradores chamados afiliados para invadir redes corporativas e implantar o programa de ransomware em troca de uma grande porcentagem dos pagamentos de resgates.

O Clop também é uma operação RaaS que existe desde 2019 e antes disso atuava como broker (corretor) de acesso inicial (IAB) vendendo acesso a redes corporativas comprometidas para outros grupos. Também operava uma grande botnet especializada em fraudes financeiras e phishing. De acordo com um comunicado da Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura (CISA) dos EUA, a gangue Clop e suas afiliadas comprometeram mais de 3 mil organizações nos EUA e mais de 8 mil em todo o mundo até o momento.

Os operadores do Clop são conhecidos por sua capacidade de desenvolver explorações de dia zero para softwares empresariais populares, especialmente aplicativos de transferência de arquivos. O grupo explorou dispositivos Accellion File Transfer Appliance (FTA) em 2020 e 2021, servidores Fortra/Linoma GoAnywhere MFT no início deste ano e implantações de transferência MOVEit em junho, uma campanha de ataque que se acredita ter afetado até 500 organizações.

“Algumas pessoas na indústria notaram que o ataque e seu impacto em larga escala marcam uma mudança no modelo de ransomware”, disse a equipe de Threat Intelligence da NCC. “O foco do Clop era extorquir dados do ambiente do MOVEit, usando isso para extorquir organizações implicadas.”

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De acordo com os dados de julho da NCC, as organizações norte-americanas permaneceram no topo da lista de alvos dos operadores de ransomware, sendo alvo de 274 (55%) dos ataques observados. A Europa foi a segunda região mais visada, seguida pela Ásia, em terceiro. 

O setor industrial — bens e serviços profissionais — continuou a ser o alvo principal, não apenas para grupos de ransomware, mas também para outros operadores de ameaças, incluindo os patrocinados por governos, porque detêm uma grande quantidade de informações sensíveis e de propriedade intelectual.

O setor foi alvo de 155 (31%) dos ataques de ransomware vistos em julho e as três principais gangues de ransomware de julho — Clop, LockBit e 8Base — foram responsáveis por 48% dos ataques contra empresas deste espaço. O segundo setor mais visado foi o de consumo cíclico (16%), seguido por tecnologia (14%), segundo a NCC.

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