A saída dos Estados Unidos do Afeganistão poderá trazer outra dor de cabeça para o presidente Joe Biden, além da possível retomada das atividades da organização terrorista Al-Qaeda: o aumento do risco à segurança cibernética devido ao acesso que outros países poderão ter aos componentes digitais dos equipamentos militares deixados para trás.
Toneladas de veículos e aeronaves dos EUA foram deixados no Afeganistão, que poderão ser adquiridos do Talebã por outros países para terem acesso aos componentes digitais físicos de toda essa frota. “O Talebã tem em mãos grande parte dos equipamentos dos EUA e pode vendê-los a países como a Rússia ou China. Isso cria um playground para os adversários da América descobrirem como os componentes digitais funcionam e como hackeá-los e transformá-los em um peso de papel”, alertou Josh Lospinoso, CEO da empresa de segurança cibernética Shift5, em entrevista ao American Military News.
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Segundo ele, o número crescente de componentes digitais físicos em frotas de veículos militares e aeronaves dos EUA os torna cada vez mais vulneráveis a hackers, que podem interferir em uma operação real. “Muitas pessoas estarão analisando a TI e como a TI ofensiva e defensivamente atua na estratégia militar”, disse Lospinoso. “Por que não olhamos para os ativos da frota, coisas como o tanque Abrams ou uma embarcação militar como um contratorpedeiro.”
Lospinoso estava entre a primeira turma de oficiais a ajudar a formar o Comando Cibernético do Exército dos EUA. Nessa função, ele passava muito tempo conduzindo testes de penetração, onde tentava encontrar maneiras de invadir os componentes digitais dos equipamentos militares para interferir em suas operações físicas.