Um tribunal israelense rejeitou nesta segunda-feira, 13, pedido da Anistia Internacional para revogar a licença de exportação da NSO Group. A empresa de spyware é alvo de várias acusações de espionagem cibernética por ativistas de direitos humanos, inclusive pelo serviço de mensagens WhatsApp, que está processando a empresa em um tribunal nos EUA.
Muitas das alegações se concentram no software Pegasus da empresa, ferramenta, segundo os críticos, altamente invasiva que pode ligar a câmera e o celular de uma pessoa e acessar os dados, transformando efetivamente o telefone em um espião de bolso. No caso do WhatsApp, por exemplo, há acusação é que o software explorou uma vulnerabilidade para controlar smartphones.
A Anistia Internacional afirma que a tecnologia foi usada contra um de seus funcionários e solicitou que um tribunal de Tel Aviv revogasse a licença de exportação da NSO emitida pelo Ministério da Defesa.
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A juíza Rachel Barkai rejeitou a petição, alegando que “não havia evidências de que houve uma tentativa de monitorar o ativista de direitos humanos quando o software tentava obter acesso ao telefone dele”, conforme sentença proferida nesta segunda-feira.
A codiretora de tecnologia da Anistia Internacional, Danna Ingleton, descreveu a decisão como “vergonhosa” e “um golpe cruel para pessoas colocadas em risco em todo o mundo pela NSO, que vende seus produtos a notórios violadores de direitos humanos”.
A organização de direitos humanos acrescentou que os produtos da NSO estão ajudando governos a cometer violações de direitos, abrangendo “da Arábia Saudita ao México”.
No mês passado, a Anistia Internacional alegou que o spyware da NSO foi usado contra o jornalista marroquino Omar Radi, condenado em março por um post em mídia social. A ONG disse que Radi foi “sistematicamente alvo das autoridades marroquinas devido ao seu jornalismo [independente] e ativismo”.
Procurada pelo site SecurityWeek, a empresa se recusou a comentar sobre seus negócios no Marrocos, mas disse que estava “incomodada” com as alegações e as investigaria.
O tribunal marroquino deu a Radi uma sentença de quatro meses por criticar um juiz em um tuíte.
A NSO está nas manchetes desde 2016, quando pesquisadores a acusaram de ajudar a espionar um ativista nos Emirados Árabes Unidos. Fundada em 2010 pelos israelenses Shalev Hulio e Omri Lavie, a NSO tem sede no centro de alta tecnologia israelense de Herzliya, perto de Tel Aviv. Segundo a empresa, ela emprega 600 pessoas em Israel e no mundo.