Quatro meses depois do início da invasão à Ucrânia, a Rússia está realizando ataques cibernéticos para além do seu país vizinho, de acordo com um relatório divulgado pela Microsoft na semana passada. A fabricante de software diz ter detectado esforços de invasão de operadores de ameaças conhecidamente patrocinados pelo governo russo em 128 organizações de 42 países aliados da Ucrânia.
Segundo o levantamento, a maioria das ações tem como objetivo a “espionagem estratégica”, focada em governos, grupos de reflexão, grupos de ajuda e empresas. A Rússia tem como alvo com mais frequência os Estados Unidos e outros países que fazem parte da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), incluindo a Polônia, onde a logística militar e a assistência humanitária estão sendo coordenadas.
“Desde o início da guerra, o ataque russo que identificamos foi bem-sucedido em 29% das vezes”, diz o relatório da Microsoft. “Um quarto dessas invasões bem-sucedidas levou à exfiltração confirmada de dados de uma organização, embora, conforme explicado no relatório, isso provavelmente subestime o grau de sucesso russo.”
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Brad Smith, presidente e vice- chairman da Microsoft, disse em uma conversa com David Ignatius, do Washington Post, que os ataques bem-sucedidos da Rússia “tendem a ocorrer em certos tipos de” redes locais. Ele disse que as redes em nuvem, protegidas por empresas “cujas principais competências” são em segurança de TI, são mais seguras do que as redes locais.
Smith disse que globalmente, as empresas do setor privado migraram para a nuvem mais rapidamente do que o governo, um fenômeno especialmente verdadeiro na Europa, colocando-as sob maior risco. O executivo também enfatizou a importância da desinformação no esforço de guerra da Rússia, destacando um aumento de 80% na propaganda russa no mês seguinte ao lançamento do ataque. “Precisamos lidar com essa nova ameaça cibernética também”, disse Smith, acrescentando que “ela é direcionada ao núcleo de nossa democracia.”