Ciberataques a carros inteligentes podem causar danos que vão muito além da perda de informações pessoais e colocar em risco a vida dos usuários, diz estudo
A Agência para Segurança Cibernética da União Européia (ENISA, na sigla em inglês) publicou relatório sobre a segurança cibernética de carros inteligentes. O estudo visa promover a cibersegurança em carros conectados e (semi)autônomos, identificando ameaças e fornecendo orientações sobre possíveis medidas de segurança que podem ajudar a mitigá-las.
“Os carros inteligentes já disponíveis hoje oferecem recursos conectados e de valor agregado, a fim de aprimorar a experiência dos usuários e aumentar a segurança do carro. Com a conectividade ampliada — e que deve aumentar ainda mais com a chegada das redes 5G — novos riscos e ameaças à segurança cibernética surgirão e precisarão ser monitorados”, afirma o relatório.
O estudo apresenta uma análise aprofundada das conclusões alcançadas no estudo de 2017 da ENISA, intitulado “A segurança cibernética e a resiliência da ENISA para carros inteligentes – boas práticas e recomendações”. No relatório mais recente, pesquisadores da agência observam que as interfaces veículo a veículo (V2V) e veículo a infraestrutura (V2I), necessárias para a implantação de sistemas de transporte inteligentes e carros autônomos, expandiram o potencial de ataques e vetores de ataques. Eles preveem que, à medida que os carros inteligentes foram cada vez mais afetados pelo crescimento do aprendizado de máquina avançado e da inteligência artificial, o número de riscos representados pelas ameaças cibernéticas aumentará.
Ciberataques a carros inteligentes podem causar danos que vão muito além da perda de informações pessoais sensíveis. “Ataques contra carros inteligentes podem levar à imobilização de veículos, acidentes rodoviários, perdas financeiras, divulgação de dados sensíveis ou pessoais e até mesmo colocar em risco a vida dos usuários”, alerta o relatório.
Em 2015, os pesquisadores usaram um ataque remoto como prova de conceito para assumir o controle de um veículo inteligente e enviá-lo para fora da estrada, levando ao recall de mais de 1 milhão de carros. Mais recentemente, os pesquisadores demonstraram que era possível controlar local ou remotamente os sistemas de informação e entretenimento dos carros inteligentes, explorando serviços de diagnóstico para manipular as funções dos veículos.
Os carros inteligentes também foram sequestrados por meio de seu alarme inteligente e levados a executar ações perigosas, incluindo cortar o motor e ativar ou desativar o imobilizador. O interesse por carros autônomos é grande. Uma pesquisa com 5,5 mil moradores em cidades em todo o mundo constatou que 58% dos entrevistados estão dispostos a dar uma volta em um veículo sem motorista. Se as previsões otimistas sobre o tema estiverem corretas, o mundo poderá ver a implantação generalizada de veículos totalmente automatizados em 2030.