A rede Tor (The Onion Router) quer acabar com o estigma de ser a porta de entrada para a dark web, o submundo da internet conhecido pela venda ilegal de drogas, pornografia, armas, roubo de dados financeiros e ataques cibernéticos.
O Projeto Tor, que gerencia a rede, acaba de lançar o “Programa de Membros” com o objetivo de garantir o seu futuro por meio da diversificação de financiamento e do estreitamento de parcerias com outros fornecedores de software. A rede também quer se consolidar como alternativa aos usuários da internet para contornar a censura exercida pelas redes sociais, cada vez mais pressionadas por governos e órgãos da lei a controlar e responder pelos conteúdos que nelas são publicados.
Um dos principais atrativos da rede Tor é não deixar pegadas digitais, evitando o rastreamento, o que, em tese, pode garantir a privacidade pessoal geral. Embora existam, sim, maneiras de rastrear o tráfego mesmo de quem esteja utilizando a rede de código aberto e navegando pelas chamadas redes onion, o principal meio para acessar a dark web continua sendo o Tor browser, justamente por não deixar pegadas.
No caso específico de usá-la para fugir da censura, a rede Tor é a mais indicada por usar um sistema de nós: endereços com a extensão .onion e retransmissores espalhados por todo o mundo podem contornar bloqueios de censura. Por isso, ela é vista como uma ferramenta valiosa para aqueles preocupados em não ser monitorados online — incluindo ativistas, jornalistas, organizações de direitos civis, entre outros.
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Como o Projeto Tor ganhou mais popularidade, algumas organizações agora incluem suporte integrado para a rede em seus produtos. A GlobaLeaks e a SecureDrop, por exemplo, estruturas de denúncia de código aberto, usam a rede Tor para manter a privacidade dos usuários. O navegador Brave oferece aos usuários uma “janela de privacidade”, baseada no Tor, e a OnionShare, uma editora de site, depende usa a rede Tor para contornar as tentativas de censura.
A nova fase do projeto reúne Avast, DuckDuckGo, Insurgo, Mullvad VPN e Team Cymru como membros fundadores. As empresas estão todas envolvidas na área de segurança e privacidade e ajudarão a garantir diversas fontes de financiamento.
O Projeto Tor diz que o Programa de Membros é uma “nova maneira para organizações sem fins lucrativos e do setor privado apoiarem financeiramente o trabalho da rede Tor” e que, particularmente, dará à organização a oportunidade de criar um “processo de desenvolvimento mais ágil”.
O programa de associação de novos membros visa expandir ainda mais as parcerias com terceiros, e as organizações que consideram adotar a tecnologia Tor são incentivadas a aderir ao projeto. “Estamos entusiasmados em oferecer uma maneira para as empresas confirmarem seu compromisso com a privacidade e liberdade online, apoiando o desenvolvimento de software do Tor e recebendo orientação na integração do Tor em seus produtos”, disse Isabela Bagueros, diretora executiva do Projeto Tor ao site ZDNet. “A criação de uma internet melhor e mais privada exige todos nós, e o Programa de Associação do Projeto Tor ajuda a concretizar essa visão.”