Cibercriminosos lavaram US$ 8,6 bilhões em criptomoedas no ano passado, cifra que representa um aumento de 30% ano sobre ano no valor associado à atividade de lavagem de dinheiro via criptomoeda em 2021, de acordo com Chainalysis. A empresa, que fornece software de análise e investigação para blockchains e finanças descentralizadas (DeFi), diz que o montante real pode ser muito maior se crimes “não cripto” forem incluídos.
De acordo com relatório divulgado pela empresa na quarta-feira, 26, “é preciso observar também que esses números contabilizam apenas fundos derivados de crimes ‘nativos de criptomoeda’, o que significa atividades cibercriminosas, como vendas no mercado darknet ou ataques de ransomware nos quais os lucros são quase sempre decorrentes de criptomoedas em vez de moeda fiduciária”.
Segundo a Chainalysis, é mais difícil medir quanta moeda fiduciária derivada de crimes offline — tráfico tradicional de drogas, por exemplo — é convertida em criptomoeda para ser lavada. “No entanto, sabemos que isso está acontecendo”, diz ela no relatório.
Ainda segundo o documento é mais fácil monitorar os esforços de lavagem de dinheiro onde a criptomoeda está envolvida devido à natureza transparente das blockchains. Por isso, é possível verificar que os protocolos DeFi receberam a maioria dos fundos ilícitos no ano passado, o primeiro desde 2018, em que as exchanges centralizadas não foram o destinatário número um, diz a Chainalysis.
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De acordo com a empresa, isso equivale a um aumento anual de 1.964% no valor total recebido pelos protocolos DeFi de endereços ilícitos para um total de US$ 900 milhões em 2021. “Hackers norte-coreanos, que roubaram cerca de US$ 400 milhões em criptomoedas no ano passado, eram usuários pesados de DeFi”, afirma a Chainalysis.
A boa notícia é que a lavagem de dinheiro ainda está concentrada em um pequeno número de serviços, embora um pouco menos do que em 2020. A análise revelou que mais da metade de todas as criptomoedas enviadas de endereços ilícitos foram para apenas 270 endereços de depósito de serviço. Entre esses endereços estavam aqueles associados a duas bolsas sancionadas pelo Tesouro dos EUA no ano passado: Suex e Chatex.
“A aplicação da lei pode desferir um grande golpe contra o crime baseado em criptomoedas e prejudicar significativamente a capacidade dos criminosos de acessar seus ativos digitais ao interromper esses serviços”, afirma a Chainalysis.