Governos do mundo inteiro estão examinando a questão da soberania de seus dados, desde que a Microsoft bloqueou, no dia 15 de Maio, a conta de e-mail do procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, Holanda. O problema é inicialmente político: o TPI publicou, em 21 de Novembro de 2024, um mandado de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, pela acusação de crimes de guerra. O governo de Donald Trump revidou, em 7 de Fevereiro de 2025, com sanções contra o TPI, que usa serviços Microsoft. Como a empresa é americana, é obrigada a suspender os serviços à organização sancionada.
Mas isso é só a ponta do iceberg: como 75% da computação em nuvem do planeta está com apenas oito empresas, sendo seis dos Estados Unidos, o risco é mais do que evidente: muitos governos dependem demasiadamente ou totalmente de serviços e de nuvens controladas por empresas que estão fora de seus países. Muitos dependem de nuvens das empresas dos Estados Unidos da América. Em outras palavras, a soberania de seus dados está em altíssimo risco.

Segundo reportagem do jornal holandês De Volkskrant, o assunto inquietou demais todos os níveis de governo do país: “Ludo Baauw, diretor do provedor de nuvem holandês Intermax Group, conversou com ‘pelo menos dez’ serviços governamentais vitais perguntando quais são as opções para se tornar menos dependente dos partidos americanos. ‘A grande maioria do governo central está agora coçando a cabeça. Mas mudar não é tão fácil: uma migração média de TIC leva de seis meses a três anos”.
No Brasil, o Serpro ativou em Março a nuvem soberana do Brasil, tornando o país “a única nação com nuvem 100% soberana no hemisfério sul”. Segundo o Serpro, “A solução oferece escalabilidade, permitindo que órgãos públicos ajustem a capacidade de armazenamento e processamento conforme a demanda, otimizando recursos e evitando desperdícios. Sua gestão unificada facilita a integração de sistemas e a comunicação entre os setores, agilizando a tomada de decisões e o desenvolvimento de políticas públicas. Além disso, a Nuvem de Governo é projetada para suportar inovações como inteligência artificial, big data e análise de dados, gerando insights estratégicos para o país.”