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Malware vinculado à Rússia pode interromper redes elétricas

Pesquisadores de segurança descobriram um novo malware direcionado a sistemas de controle industrial (ICS), apelidado de CosmicEnergy, que, segundo eles, pode ser usado para interromper infraestruturas críticas, especialmente redes elétricas. O malware foi descoberto por pesquisadores da Mandiant, que compararam os recursos do CosmicEnergy ao malware destrutivo Industroyer que o grupo de hackers Sandworm, apoiado pelo governo russo, usou para cortar energia na Ucrânia em 2016.

A Mandiant diz que descobriu a CosmicEnergy por meio da caça a ameaças e não após um ataque cibernético em infraestrutura crítica. O malware foi carregado no VirusTotal — um scanner de malware e vírus de propriedade do Google — em dezembro de 2021 por uma pessoa baseada na Rússia, de acordo com os pesquisadores. A análise da empresa de segurança cibernética mostra que o malware pode ter sido desenvolvido pela Rostelecom-Solar, o braço de segurança cibernética da operadora de telecomunicações da Rússia, Rostelecom, para apoiar exercícios como os hospedados em colaboração com o Ministério de Energia da Rússia em 2021.

“Um empreiteiro pode tê-lo desenvolvido como uma ferramenta de red-teaming para exercícios simulados de interrupção de energia hospedados pela Rostelecom-Solar”, disse a Mandiant. “No entanto, dada a falta de evidências conclusivas, consideramos também possível que um hacker, com ou sem permissão, tenha reutilizado o código associado ao alcance cibernético para desenvolver esse malware.”

A Mandiant diz que os hackers não apenas se adaptam regularmente e fazem uso de ferramentas de red-team — de “equipe vermelha”, que tem como função simular um ciberataque contra uma empresa — para facilitar ataques no mundo real, mas sua análise do CosmicEnergy revela que a funcionalidade do malware também é comparável à de outras variantes direcionadas a sistemas de controle industrial, como a Industroyer, representando assim uma “ameaça plausível aos ativos da rede elétrica afetados”.

A Mandiant disse ao TechCrunch que não observou nenhum ataque do CosmicEnergy a uma empresa e observa que o malware carece de recursos de descoberta, o que significa que os hackers precisariam realizar algum reconhecimento interno para obter informações do ambiente, como endereços IP e credenciais, antes de lançar um ataque.

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No entanto, os pesquisadores acrescentaram que, como o malware visa o IEC-104, um protocolo de rede comumente usado em ambientes industriais que também foi alvo durante o ataque de 2016 à rede elétrica da Ucrânia, o CosmicEnergy representa uma ameaça real para às organizações envolvidas na transmissão e distribuição de energia elétrica. “A descoberta de novos malwares OT [tecnologia operacional] apresenta uma ameaça imediata para as organizações, uma vez que são raras e porque o malware tira proveito principalmente de recursos inseguros de design de ambientes OT que provavelmente não serão remediados tão cedo”, alertaram os pesquisadores da Mandiant.

A descoberta de um novo malware direcionado a ICS ocorre depois que a Microsoft revelou esta semana que hackers apoiados pelo governo chinês invadiram a infraestrutura crítica americana. De acordo com o relatório, um grupo de espionagem que a Microsoft chama de Volt Typhoon tem como alvo o território da ilha norte-americana de Guam, na Micronésia, e pode estar tentando “interromper a infraestrutura crítica de comunicação entre os Estados Unidos e a ilha da Ásia durante crises futuras”.

O governo dos EUA disse que está trabalhando com seus parceiros do Five Eyes (acordo na área de inteligência entre Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e EUA) para identificar possíveis violações. A Microsoft disse que o grupo tentou acessar organizações dos setores de comunicação, manufatura, serviços públicos, transporte, construção, marítimo, governo, tecnologia da informação e educação.