Cibercriminosos estão utilizando o SourceForge, uma plataforma legítima de hospedagem de software, para distribuir malware disfarçado de complementos da Microsoft Office. A campanha, descoberta pela Kaspersky, comprometeu mais de 4.600 sistemas, com a maioria dos casos registrados na Rússia. Embora o SourceForge permita o envio aberto de projetos, o uso da plataforma para esse tipo de ataque ainda é incomum. O projeto malicioso, nomeado “officepackage”, copiava a descrição e os arquivos de um repositório legítimo da Microsoft hospedado no GitHub, criando a aparência de uma ferramenta de desenvolvimento confiável.
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No entanto, ao pesquisar por “complementos de escritório” em mecanismos como o Google, os usuários eram direcionados a uma página falsa hospedada em um subdomínio oferecido pelo SourceForge, onde eram induzidos a baixar um arquivo ZIP protegido por senha. Esse ZIP continha um instalador MSI de 700 MB, inflado propositalmente para dificultar a detecção por antivírus. A instalação iniciava uma sequência de scripts maliciosos que buscavam arquivos no GitHub, checavam se o ambiente era seguro para execução e baixavam novas instruções.
O ataque envolvia múltiplos componentes, incluindo um interpretador AutoIT, a ferramenta Netcat para controle remoto, e duas bibliotecas DLL: uma destinada à mineração de criptomoedas e outra que funcionava como um clipper, substituindo endereços de carteiras copiados pela vítima por outros controlados pelo invasor. A infraestrutura do ataque ainda utilizava chamadas de API do Telegram para enviar dados coletados e receber comandos, permitindo que os criminosos adicionassem novas cargas às máquinas infectadas. O projeto já foi removido do SourceForge, e Logan Abbott, presidente da plataforma, afirmou que não houve qualquer comprometimento dos sistemas principais. Segundo ele, os arquivos maliciosos estavam hospedados fora do domínio principal e foram removidos rapidamente após a detecção. Abbott também declarou que novas medidas foram implementadas para impedir o uso abusivo de subdomínios, incluindo restrições a redirecionamentos e links externos suspeitos.
O caso reforça a importância de se obter softwares apenas de canais oficiais e confiáveis, como os repositórios legítimos do GitHub. Também é essencial verificar manualmente a procedência dos arquivos e escaneá-los com soluções de segurança atualizadas antes da instalação. O uso de plataformas legítimas para disseminar malware mostra o esforço dos atacantes em construir campanhas convincentes e furtivas, aproveitando-se da confiança que os usuários depositam nesses ambientes.