A empresa suíça de Omnisec AG, especializada na produção de equipamentos de comunicação com segurança baseada em criptografia, esteve sob o controle de dois serviços secretos estrangeiros, enquanto ativa: o dos EUA (a Central Intelligence Agency, CIA) e o da Alemanha (Bundesnachrichtendienst, BND). Os produtos da empresa eram destinados principalmente a bancos e governos. Entre os clientes estiveram o próprio governo suíço e o banco UBS.
Esta é a segunda empresa suíça acusada de produzir equipamentos com backdoors para permitir que governos estrangeiros as utilizassem em atividades de espionagem. A primeira foi a Crypto AG, cujos backdoors foram revelados este ano, e que ao menos para o governo suíço entregava equipamentos sem backdoors.
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A revelação foi feita na última quarta-feira, dia 25 de novembro de 2020, pelo programa Rundschau, da cadeia de rádio suíça SRF. A reportagem menciona pelo nome uma série de dispositivos produzidos pela Omnisec chamados OC-500. Tanto o serviço de avisos estratégicas (SND) como o serviço de análise e prevenção (DAP) da Suíça utilizam esses aparelhos, segundo a rádio. Mas várias empresas suíças teriam recebido alguns desses equipamentos, incluindo o grande banco UBS.
A Omnisec AG era considerada a maior concorrente da Crypto AG, que apareceu em fevereiro deste ano como uma “fábrica de espionagem”. Havia rumores sobre a influência de serviços secretos estrangeiros sobre a Omnisec AG, mas isso nunca se tornou concreto.
O Rundschau não recebeu informações do Departamento de Defesa, do Serviço Federal de Inteligência ou do Conselho Federal da Suíça. O proprietário da Omnisec AG, Clemens Kammer, que há dois anos encerrou as atividades da empresa, também não respondeu às perguntas dos jornalistas.