Na segunda-feira da semana passada, dia 20 de Agosto, Air Otávio Cândido Neto se entregou na sede da Polícia Federal em Palmas. Ele estava sendo procurado desde Março por ser um dos líderes de uma quadrilha de cibercriminosos que furtou perto de R$ 10 milhões de clientes de vários bancos. Há 49 acusações de furto contra ele num processo aberto pela Polícia Federal do Tocantins. A gang de Cândido Neto foi desarticulada em Março na operação “Código Reverso”, da PF e operava com pagamento de boletos utilizando a conta bancária das vítimas, compras pela Internet e transferências de valores. As investigações foram iniciadas após a queixa de um cliente de quem foram furtados R$ 10 mil.
No total foi pedida a prisão de 19 envolvidos, em Tocantis, Pernambuco, São Paulo e Goiás.
A base do esquema era apoderar-se das credenciais bancárias do cliente por meio da contaminação de um dispositivo utilizado para internet banking ou mobile banking. A PF descobriu que os golpes contavam com a ajuda de criminosos da Rússia e de Hong Kong. Os da Rússia forneceram endereços de email e números de celulares para uma campanha de phishing no Brasil. Os de Hong Kong fizeram o disparo periódico dos e-mails e SMS para as vítimas, contendo um endereço onde elas iriam contaminar seu celular ou seu computador com um keylogger – um malware que registra (ou mostra aos bandidos) tudo o que o usuário faz.
Com os dados bancários obtidos, os criminosos entravam na conta, faziam transferências, clonavam cartões e faziam compras. Com o dinheiro das vítimas, faziam pagamentos de boletos, cobrando para si, pelo serviço, de 40 a 60% do valor dos boletos. Com o dinheiro recebido, compravam moedas virtuais e bens, além de levar uma vida de luxo. Um dos suspeitos presos, chamado William Marciel Silva de Freitas, declarou que ganha 971 reais por mês como vendedor. Mas no período investigado movimentou R$ 2,1 milhões no Banco do Brasil. A quadrilha tinha um grupo de agenciadores e operadores que buscavam pessoas interessadas no pagamento de boletos com desconto. Procuravam também pessoas que pudessem receber mercadorias adquiridaspor meio de fraude.