Telefones do saudita que matou três e feriu oito militares americanos em Dezembro na base naval de Pensacola, na Flórida, estão criptografados
A Justiça dos Estados Unidos está novamente fazendo pressão sobre a Apple por causa da criptografia que protege seus telefones. Desta vez, o problema está em dois telefones do tenente saudita Mohammed Saeed Alshamrani, da Royal Saudi Air Force, que em 6 de Dezembro de 2019 matou três e feriu oito militares americanos na base naval de Pensacola, na Flórida. Num caso semelhante, a Justiça queria que a Apple fornecesse a chave para decodificar os telefones do casal Syed Farook e Tashfeen Malik, que em 2 de Dezembro de 2015 mataram 14 pessoas e feriram 17 num centro de atendimento social em San Bernardino, Califórnia.
Agora, o procurador-geral dos EUA, William Barr, está classificando o caso de Pensacola como ato de terrorismo e acusa a Apple de dificultar uma investigação contra o terrorismo. A Apple já recebeu mandados de busca do FBI, e os comentários de Barr na segunda-feira são inegavelmente um modo de pressionar a empresa a cumprir os mandados.
Acusação: “criptografia irresponsável”
Não é a primeira vez que Barr levanta preocupações sobre criptografia em aplicativos. Em julho, disse que a “criptografia irresponsável” no WhatsApp, de propriedade do Facebook, está colocando em risco a segurança pública, e acrescentou que um acesso em backdoor para aplicação da lei causaria riscos mínimos à segurança dos dados.
No início deste mês, o FBI enviou à Apple um pedido de ajuda para acessar dados criptografados armazenados nos iPhones pertencentes ao atirador morto em Pensacola. Um é um iPhone 7 com leitor de impressões digitais e o outro é um iPhone 5, segundo disse uma fonte familiarizada com as investigações. Promotores federais e agentes do FBI enfrentam dificuldades para extrair informações dos iPhones devido à criptografia.
“É muito importante sabermos com quem e sobre o que o atirador estava se comunicando antes de morrer”, disse Barr numa entrevista coletiva em Washington. “Essa situação ilustra perfeitamente por que é fundamental que os investigadores possam acessar as evidências digitais depois de obterem uma ordem judicial”. Um porta-voz da Apple observa que ajudou as agências policiais, dando aos investigadores acesso à conta iCloud do atirador e dados de transações para várias contas.
iPhone 5C em San Bernardino
No caso de San Bernardino em 2015, o aparelho era um iPhone 5C. Um juiz federal chegou a emitir uma ordem obrigando a Apple a ajudar a contornar a criptografia. No entanto, o FBI desistiu de sua ação legal contra a Apple depois de recorrer a um fornecedor terceirizado para contornar a criptografia.
A Apple respondeu implementando criptografia mais rigorosa. A empresa argumentou que a criação de um backdoor para seus dispositivos resultaria em aumento de invasões nesses dispositivos. E afirma que a privacidade dos dados é uma questão de direitos humanos.
Com agências internacionais