O IAB Tech Lab, associação que desenvolve padrões para a indústria de mídia interativa, que inclui sites, portais, empresas de tecnologia, agências, desenvolvedoras web e anunciantes, está sendo processado pelo Conselho Irlandês de Liberdades Civis (ICCL) por supostamente ser responsável pela “maior violação de dados do mundo”.
A associação, que atua também no Brasil, é formada por uma comunidade de 650 membros, entre os quais estão o Facebook, Google e Amazon.
A ação foi movida por Johnny Ryan, pesquisador sênior da ICCL em 18 de maio em um tribunal de Hamburgo. O IAB Tech Lab é criticado por realizar licitações em tempo real, um processo durante o qual os dados são compartilhados entre “brokers” de anúncios e outras empresas enquanto o espaço publicitário está sendo leiloado.
Apesar de o caso ter sido arquivado há quase um mês, uma fonte do IAB Tech Lab disse à BBC que a associação estava revisando as alegações [do ICCL] em conjunto “com nossos consultores jurídicos e responderemos no devido tempo, se apropriado”.
Ryan, que trabalhou como profissional da indústria de publicidade antes de ingressar no ICCL, afirma que, quando um usuário carrega um aplicativo ou página da web que contém publicidade, seus dados são compartilhados com centenas de brokers de anúncios. Estes, segundo ele, usariam os dados para vender espaço de anúncio que é exibido na tela enquanto a página carrega.
Veja isso
TikTok vai pagar US$ 92 milhões para pôr fim a processo de privacidade
80% dos brasileiros trocam sua privacidade por alguma vantagem
De acordo com Ryan, os usuários que veem espaços de anúncios vazios que são preenchidos com anúncios estão assistindo seus próprios dados sendo leiloados em tempo real. Ainda segundo ele, os dados do usuário compartilhados nesse processo incluem “inferências de sua orientação sexual, religiosa, o que ele está lendo, assistindo e ouvindo e sua localização”.
O pesquisador do ICCL diz se tratar de uma indústria multimilionária sobre a qual a maioria dos usuários da internet nada sabe. “O IAB Tech Lab fornece códigos de dois e três dígitos disponíveis ao público, cada um dos quais representa uma parte dos dados do usuário. Por exemplo, uma família com uma renda inferior a US$ 10 mil recebe o código 60.”
Ryan alega que fornecer esses dados — que o IAB Tech Lab chama de “taxonomia de público” — viola as regras de privacidade da União Europeia porque os usuários não deram consentimento para essa coleta e dispersão de seus dados. “A lei precisa ser aplicada e varrer o setor para que ainda se possa ter as solicitações de lance, mas sem que os dados pessoais mudem de mãos”, finalizou. Com BBC e agências de notícias internacionais.