O aumento dos ataques de ransomware pode ter relação direta com o crescimento da oferta de ransomware-as-a-service (RaaS, ou ransomware como serviço), modelo de negócio criado por grupos de hackers em que um tipo de ransomware é vendido e espalhado por meio de vários distribuidores que atuam na dark web, com o criador recebendo uma parte do lucro. Um levantamento recente da BlackBerry mostra que o modelo RaaS está sendo utilizado agora em campanhas de phishing e espionagem digital.
Relatório publicado pela equipe de pesquisa e inteligência da BlackBerry revela as atividades ilegais de uma campanha de ciberespionagem que acompanha há seis meses. A campanha, apelidada pelos pesquisadores de CostaRicto, é aparentemente operada por um grupo de mercenários APT chamado de “hackers de aluguel” que desenvolve ferramentas de malware sob medida e proxy VPN complexo e recursos de tunelamento SSH.
As principais conclusões do relatório são que os alvos da CostaRicto podem ser encontrados em todo o mundo: na Europa, Américas, Ásia, Austrália e África. No entanto, a maioria dos alvos está concentrada no Sul da Ásia, particularmente na Índia, Bangladesh e Cingapura.
Os pesquisadores dizem que esses dados podem sugerir que o autor da ameaça por trás da campanha está baseado na região, mas está vendendo seus serviços no mercado internacional via dark web.
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Os servidores de comando e controle (C2) utilizados pela CostaRicto são gerenciados via rede Tor ou por meio de uma camada de proxies. O invasor pratica uma “segurança de operação melhor do que a média”, criando uma rede complexa de túneis SSH estabelecidos no ambiente da vítima.
Um tipo de malware que não foi visto antes é usado para criar uma backdoor na rede da vítima. Os pesquisadores descreveram o malware como “uma ferramenta personalizada com um nome de projeto sugestivo, código bem estruturado e sistema de controle de versão detalhado”.
Quem criou o projeto de backdoor o chamou de Sombra, uma referência a um personagem do videogame Overwatch que se especializou em avaliação de inteligência e espionagem e é conhecido por suas habilidades de hacker.
O malware parece ter sido lançado em outubro de 2019, mas os números da versão sugerem que o projeto ainda está na fase de teste de depuração. Os pesquisadores encontraram indícios de que a operação pode ter durado ainda mais tempo. “Os carimbos de data e hora dos estágios de carga útil remontam a 2017, o que pode sugerir que a operação em si já existe há um bom tempo, mas costumava entregar uma carga diferente”, disseram.
Um endereço IP para o qual os domínios backdoor foram registrados se sobrepõe a uma campanha de phishing preexistente atribuída ao APT28, grupo hacker mais conhecido como Fancy Bear. No entanto, os pesquisadores acreditam ser muito improvável que exista uma ligação direta entre o CostaRicto e esse grupo de ameaças persistentes avançadas em particular.