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Técnica de hack pode ter uso com bom propósito, diz especialista

Os métodos, procedimentos e práticas de hacking podem ser utilizados pelos profissionais de segurança cibernética para ajudar a proteger os sistemas que compõem a sociedade, afirma pesquisador de segurança

Os métodos, procedimentos e práticas utilizados pelos profissionais de segurança cibernética podem ser usados ​​para o “hacking” da sociedade. Esta é a opinião de Bruce Schneier, tecnólogo em segurança, pesquisador e professor da Harvard Kennedy School, externada durante evento em São Francisco, na Califórnia.

“Essa é a grande ideia: nós, em nossa comunidade, desenvolvemos algumas técnicas muito eficazes para lidar com código e tecnologia”, afirmou Schneier. “Nossa experiência em segurança de TI pode ser transferida para sistemas sociais mais amplos, como o código tributário ou os sistemas que usamos para escolher nossos políticos ou mesmo para a economia de mercado”, completou.

Schneier argumentou que a mentalidade dos hackers, ou seja, a maneira de pensar em como as coisas falham e como fazer as coisas falharem, tem implicações mais amplas do que apenas a segurança do computador. O pesquisador de segurança sugeriu que a mentalidade processual de segurança cibernética é valiosa em um contexto mais amplo e pode ser usada para ajudar a proteger os sistemas que compõem a sociedade.

“À medida que o mundo se parece mais com um computador, as habilidades de segurança se tornam mais [necessárias e] aplicáveis”, disse ele.

Schneier observou que não estava sugerindo que a tecnologia pode consertar tudo, mas, talvez, haja uma maneira de combinar tecnologia e política de uma nova maneira, de forma que possa melhorar as comunidades.

Mentalidade de hacker

Adotar a mentalidade hacker para impactar a sociedade não é uma ideia totalmente nova. Schneier observou que o ex-colaborador da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), Edward Snowden, escreveu em suas memórias que a comunidade de inteligência dos EUA feriu a Constituição para justificar a vigilância em massa. “Podemos discutir se isso é verdade ou não, mas todos intuitivamente sabem o que ele quer dizer com isso”, disse.

Outro exemplo de como a mentalidade de hackers já é empregada está no setor de publicidade. Schneier argumentou que a publicidade é um hack dos sistemas cognitivos dos seres humanos para ajudar a influenciar as escolhas. “As forças políticas também já estão usando a técnica de hackers para propaganda. “

“Os regimes autoritários são vulneráveis ​​a ataques que desafiam seu monopólio do conhecimento político e é por isso que uma internet aberta é tão perigosa para eles”, afirmou Schneier. “As democracias são vulneráveis ​​a ataques de informação que transformam o senso comum político em senso comum político contestado.”

Schneier sugeriu que existem várias maneiras pelas quais as práticas modernas de segurança cibernética podem ser usadas para “hackear” a sociedade com bons propósitos. Na segurança cibernética, ter transparência e visibilidade é uma ideia fundamental que é um conceito útil para a sociedade em geral.

“Temos outras soluções em nosso kit de ferramentas tecnológicas, como defesa em profundidade, compartimentação, isolamento, sandbox, auditoria, resposta a incidentes e aplicação de patches”, disse ele. “Na verdade, nunca resolvemos o problema da segurança. Portanto, existe alguma maneira de fazermos a iteração da lei para que seja extensível, ou seja, de maneira que possamos implementar algum feedback rápido em nossas leis e regulamentos.”

Um dos principais desafios que Schneier vê hoje é que não temos instituições políticas com o propósito para combinar as leis com a tecnologia que a sociedade usa. Por exemplo, ele observou que o Facebook é global, mas é regulamentado nacionalmente por governos específicos. “Nossos problemas tendem a ser problemas sociais que se disfarçam de soluções tecnológicas que mascaram as soluções sociais”, disse Schneier. “Precisamos integrar melhor a tecnologia e a política.” Com sites e agências de notícias internacionais.