Hack em laboratório de DNA pode gerar vírus e toxinas perigosos

Pesquisadores israelenses demonstram em artigo científico de que modo biólogos podem se tornar vítimas involuntárias de ataques cibernéticos
Da Redação
30/11/2020

Os cibercriminosos que têm feito ataques a cientistas e laboratórios que desenvolvem vacinas e outros recursos em biologia sintética podem desenvolver ataques direcionados para desencadear uma guerra biológica. Esse é um alerta de pesquisadores da universidade Ben Gurion do Negev, com sede em Israel. Os pesquisadores fizeram uma pesquisa intitulada “Ciberbiossegurança: Ameaça à injeção remota de DNA em biologia sintética”. O artigo que trata do assunto foi publicado na edição da semana passada da revista acadêmica Nature Biotechnology. O artigo mostra como biólogos podem se tornar vítimas involuntárias de ataques cibernéticos.

O documento descreve uma nova forma de ataque cibernético direcionado, que poderia interferir nos computadores dos laboratórios de pesquisa biológica para fazê-los produzir toxinas ou vírus sintéticos, ao invés dos produtos que os cientistas acreditam estar fazendo. A boa notícia é que realizar um ataque como esses não é nada fácil.

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O assunto é debatido há pelo menos seis anos entre especialistas de segurança. Ainda em 2014, o CISO Advisor consultou sobre esse assunto o professor Paulo Arruda, da Unicamp, um dos geneticistas mais conhecidos do Brasil. Sua resposta sobre a possibilidade de que isso acontecesse foi positiva, mas com a ressalva de que a operação seria cara a ponto de estar restrita: “Interessante mas dificil. A biologia molecular precisa, além de computadores, de equipamentos e reagentes caros”. Ele considerou inclusive que pessoas com capital suficiente conseguissem fazer: “Talvez alguém (…) possa fazer em casa, mas isso não é novidade”.

No caso teorizado pelos acadêmicos israelenses, é um ataque preocupante, já que eliminaria a necessidade de acesso físico a uma substância perigosa, para produzi-la ou entregá-la. No cenário delineado por eles, o ataque seria clássico: malware infiltrado no computador de um biólogo, para substituir os dados de sequenciamento de DNA. É uma informação crítica porque quando os pedidos de DNA são feitos a fornecedores de genes sintéticos, as diretrizes do Departamento de Saúde exigem a aplicação de protocolos de triagem muito rígidos para evitar a produção de compostos potencialmente perigosos.

A preocupação dos pesquisadores é que as diretrizes desse protocolo de triagem “permitem que os protocolos sejam contornados usando um procedimento de ofuscação genérico”. Os testes mostraram que 16 das 50 amostras testadas por eles não foram detectadas como potencialmente nocivas.

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