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Google recua da promessa de não criar IA perigosa

O Google removeu de seus princípios de inteligência artificial uma cláusula que proibia o desenvolvimento de tecnologias potencialmente prejudiciais, incluindo armas. Antes, a empresa listava em seus documentos públicos uma seção chamada “Aplicações de IA que não iremos desenvolver”, que incluía o compromisso de evitar tecnologias que pudessem causar danos generalizados.

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Questionado sobre a mudança, o Google respondeu citando um post em seu blog assinado por James Manyika, vice-presidente sênior, e Demis Hassabis, CEO do Google DeepMind. No texto, os executivos afirmam que “democracias devem liderar o desenvolvimento da IA com base em valores como liberdade, igualdade e respeito aos direitos humanos”. Em um comunicado ao portal TechCrunch, a empresa reforçou sua visão de que governos e organizações devem trabalhar juntos para garantir que a IA proteja as pessoas, promova o desenvolvimento global e contribua para a segurança nacional.

Especialistas em ética da IA consideram essa mudança preocupante. Margaret Mitchell, ex-co-presidente da equipe de ética de IA do Google e atualmente na startup Hugging Face, alertou que a remoção da cláusula pode indicar uma disposição da empresa em desenvolver tecnologias letais. Já Tracy Pizzo Frey, ex-chefe de IA responsável no Google Cloud, destacou que esses princípios ajudavam sua equipe a avaliar projetos e garantir qualidade e confiabilidade.

A decisão ocorre em meio a críticas sobre o envolvimento do Google com os militares dos EUA e de Israel, fornecendo poder de computação em nuvem para operações de defesa. Apesar de a empresa afirmar que sua tecnologia não é usada para fins destrutivos, o principal oficial de IA do Pentágono revelou que modelos de algumas empresas já estão acelerando a tomada de decisões na chamada “cadeia de destruição” das forças armadas americanas.

Esse movimento do Google reflete uma tendência mais ampla no setor de tecnologia. Empresas como Meta e Amazon também revisaram políticas internas voltadas à diversidade e inclusão nos últimos meses. No Google, o equilíbrio entre princípios éticos e pressões de mercado tem sido um debate constante, intensificado desde o lançamento do ChatGPT, em 2022. Com a crescente concorrência no setor de IA, há receios de que preocupações éticas sejam deixadas em segundo plano em nome da competitividade.