A Mindset Ventures, gestora internacional de venture capital, com expertise no investimento de startups com tecnologias disruptivas, planeja investir entre US$ 5 milhões e US$ 7 milhões em startups de cibersegurança até o fim do ano que vem. Para isso, a empresa está buscando startups localizadas nos EUA ou Israel, com potencial, preferencialmente, para futura expansão para o mercado brasileiro.
O foco no Brasil se deve à avaliação da empresa de que, com a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), o setor de segurança cibernética do país estará entre os mais promissores para investimentos, bem como, na criação de startups, como a israelense 1touch, que oferece tecnologia para rastrear informações sensíveis nos bancos de dados das empresas. Impulsionada pela chegada da lei e, também, pela notoriedade do assunto, a startup já se prepara para ampliar a atuação no Brasil.
O CIO da Mindset Ventures, Daniel Ibri, diz que a LGPD gerou um movimento no qual as organizações passaram a buscar soluções para proteger tanto suas próprias informações internas quanto as de seus clientes, o que se intensificou durante os últimos meses em decorrência do trabalho remoto.
O executivo cita estudo da PwC que aponta que a proporção de empresas que devem aumentar o investimento em proteção cibernética em 2021 atingiu 57% ao redor do mundo. “Nós identificamos não apenas uma grande quantidade de relatos sobre aumento da vulnerabilidade das empresas, como também diversas startups desenvolvendo soluções de segurança”, afirma Ibri.
Em 2017, a Mindset Ventures investiu na SAM, empresa israelense focada na proteção de ambientes domiciliares. A startup oferece proteção de domicílios por meio do roteador, protegendo todos os aparelhos conectados a ele de ataques cibernéticos. A gestora vem investindo continuamente em empresas relacionadas à segurança cibernética, cujas soluções vão desde a proteção de pen-drives, mouses e outros dispositivos, até a completa recuperação de diretórios. Apesar de oferecerem aplicações diferentes, todas possuem um diferencial em comum: o uso de inteligência artificial para combater as ameaças, uma prática que deve crescer mais de US$ 38 bilhões até 2026.
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De acordo com dados da organização Distrito, que reúne em seu portfólio empresas de inovação e tecnologia, as startups do mercado brasileiro captaram US$ 3,5 bilhões em 2020, superior aos US$ 2,97 bilhões do ano anterior. Assim, de acordo com Ibri, com a crescente importância da tecnologia em nossas vidas, 2021 poderá levar a um recorde de investimentos de venture capital.
Startups de cibersegurança para ficar de olho
1touch: a startup americana consegue rastrear informações sensíveis nos bancos de dados das empresas e identifica os locais em que estão salvas, evitando que a empresa perca o controle das informações e diminuindo as chances de vazamento. Uma aplicação direta para a LGPD.
D-ID: fundada em Tel-Aviv, Israel, a startup desenvolveu uma tecnologia que altera os dados de fotos e vídeos, tornando os arquivos irreconhecíveis pelos sistemas automáticos de reconhecimento facial, sem que a foto ou vídeo sofra alterações visuais.
Eclypsium: a startup americana faz o controle e proteção em larga escala dos firmwares, que são as dezenas de softwares dos hardwares embarcados em cada computador. Dada a quantidade de firmwares existentes em cada aparelho, eles geralmente permanecem desprotegidos e desatualizados inclusive dentro de ambientes corporativos. Muitos dos grandes ataques recentemente realizados são feitos via firmware. A Eclypsium é a única ou uma das únicas empresas que possuem uma solução deste tipo.
Semperis: permite que as informações salvas nos diretórios de uma empresa sejam recuperadas em tempo recorde caso haja alguma pane no sistema, seja por danos físicos ou por ataques cibernéticos. Hoje em dia, os profissionais geralmente recuperam as informações por meio do Active Directory da empresa, que interliga todos os diretórios da companhia. A recuperação por esse meio geralmente é lenta, trabalhosa e pode demorar dias para ser feita, até que a empresa “volte ao ar”. Por meio da Semperis, a recuperação via Active Directory é feita de forma extremamente simplificada, tomando uma fração do tempo que demoraria em vias tradicionais.
SAM: faz proteção das casas dos clientes por meio do roteador. Ou seja, no lugar de fornecer um antivírus a ser instalado em cada um dos computadores, fornece um software que é instalado no roteador do usuário e que protege todos os aparelhos conectados a ele de ataques cibernéticos. Sepio: protege computadores contra componentes que até então poucas pessoas sabem que podem ser meios de ataques cibernéticos, como pen-drives, impressoras, mouses e outros dispositivos conectados em computadores.