O ambiente geopolítico mundial desafiador, exacerbado pela pandemia de covid-19 e, desde fevereiro, também pela guerra entre Rússia e Ucrânia, está propiciando aos criminosos cibernéticos um cenário favorável a ataques em profusão, aponta o último relatório divulgado pela GlobalData, intitulado “Pesquisa temática: segurança cibernética”.
A empresa de dados e analytics observa que os ataques patrocinados por Estados-nação são um risco significativo e essas ameaças estão pressionando o gasto global com segurança cibernética. Segundo projeta o estudo, os investimentos em cibersegurança devem crescer cerca de 58% globalmente em cinco anos, saltando de US$ 125,5 bilhões em 2020 para US$ 198 bilhões em 2025.
“Os últimos anos mostraram que ninguém, nem mesmo os próprios provedores especializados em segurança cibernética, está a salvo de ataques. Os ciberataques são frequentes e cada vez mais complexos, geralmente perpetrados por aqueles que promovem causas geopolíticas ou invasores com a intenção de ganhar dinheiro. As empresas gerenciam uma variedade de ativos, incluindo infraestrutura, aplicativos, endpoints, dispositivos móveis e serviços em nuvem, todos ameaçados”, comenta David Bicknell, analista da equipe de Pesquisa Temática da GlobalData.
O relatório identifica diferentes tipos de criminosos cibernéticos e explica que aqueles que não estão atrás de dinheiro de modo geral são motivados por vingança — geralmente um funcionário ou um cliente insatisfeito. Outros agentes de ameaças incluem “hacktivistas”, que tentam chamar a atenção para suas causas, e terroristas com a intenção de danificar infraestruturas críticas e que desencadeiam guerra cibernética contra um país.
Veja isso
Hackers invadem laboratório de covid-19 da Universidade de Oxford
Hackers visam infraestrutura crítica de ‘inimigos da Rússia’
“Manter a segurança dos sistemas de TI é uma luta constante para organizações de todos os tipos. Novas vulnerabilidades podem ser descobertas a qualquer momento, e sempre há a preocupação de um ataque interno. Ameaças complexas de ransomware e à cadeia de suprimentos continuarão. As consequências e os riscos da mudança generalizada para o trabalho remoto não desapareceram. Essas ameaças vieram para ficar”, enfatiza Bicknell.
O relatório da GlobalData também destaca que garantir o trabalho híbrido (presencial e remoto ), lidar com ransomware e ameaças contínuas à cadeia de suprimentos e mudar para um novo modelo de segurança de confiança zero exigirão um forte aumento nos gastos com segurança nos próximos três anos.
“A inovação será, sem dúvida, necessária para combater o cenário de ameaças cibernéticas em constante evolução que emerge do conflito Ucrânia-Rússia. Há inclusive a probabilidade de que um ataque cibernético ligado ao conflito afete a capacidade de funcionamento das empresas ocidentais”, diz Bicknell. Além disso, segundo ele, o modelo de segurança de confiança zero, cujo princípio básico é que nenhuma confiança implícita é concedida a um usuário apenas porque ele está protegido por um firewall corporativo, ainda está emergindo como uma solução de longo prazo nas organizações contra violações de dados. “Isso porque, implementá-lo leva tempo”, finaliza.