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Fundador do WikiLeaks é acusado de conspirar com grupos hackers

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos publicou na quarta-feira, 24, uma acusação substituta contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que amplia o escopo da ação do governo contra ele e inclui novas denúncias de conspiração com os grupos de hackers Anonymous e LulzSec para obter informações classificadas, secretas e ultrassecretas, e vazá-las.

A acusação substituta não acrescenta novas incriminações contra Assange, que já enfrenta 18 acusações com base na Lei de Espionagem dos EUA por seu papel na publicação de material ultrassecreto no site WikiLeaks. Os novos documentos juntados à ação judicial adicionam mais detalhes sobre seus supostos contatos com os dois grupos de hackers.

Na nova acusação, os promotores federais alegam que, em 2012, Assange estava em comunicação direta com um líder do grupo de hackers LulzSec e forneceu a ele uma lista de alvos para invadir. A acusação alega ainda que o WikiLeaks também obteve e publicou dados vazados de uma empresa de consultoria de inteligência americana depois de ter sido alvo de hackers afiliados ao Anonymous e ao LulzSec. Na época, o contato de Assange no LulzSec estava cooperando com o FBI, de acordo com o Departamento de Justiça.

Detido no Reino Unido

Assange foi preso pela polícia britânica na embaixada do Equador em Londres em abril de 2019, depois que o país revogou sua proteção de asilo. Ele continua lutando contra a extradição para os EUA. A audiência de extradição foi adiada várias vezes por causa da pandemia da covid-19 — a próxima audiência foi mercada pela corte para setembro, segundo o The Guardian.

Se considerado culpado das acusações pela Lei de Espionagem, ele poderá pegar uma pena máxima de dez anos de prisão em cada acusação e mais cinco anos por conspiração para cometer invasão de computadores, de acordo com os promotores federais.

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Desde que o Departamento de Justiça moveu o processo contra Assange em maio de 2019, o australiano de 48 anos e seus advogados negaram as acusações e alegaram que a publicação de documentos do governo está protegida pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

Após a revelação da acusação substituta na quarta-feira, o advogado de Assange, Barry Pallok, disse à Associated Press que a busca incansável do governo [dos EUA] por Julian Assange representa uma grave ameaça para jornalistas de todos os lugares e para o direito do público de saber. “A ação mantém a acusação de violação a Lei de Espionagem baseada em publicações do WikiLeaks, expondo crimes de guerra cometidos pelo governo dos EUA.”

Conspiração conjunta

A denúncia recente acusa Assange de recrutar e conspirar com os dois grupos de hackers para atingir determinadas organizações e publicar documentos classificados no site WikiLeaks. Ao destacar uma instância, os promotores federais alegam que Assange instruiu um hacker do LulzSec a segmentar uma organização específica e procurar dados como e-mails, documentos, bancos de dados e PDFs.

Os promotores federais também alegam que Assange obteve acesso não autorizado à rede de TI da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

“Em outra comunicação, Assange disse ao líder do LulzSec que a liberação mais impactante de materiais invadidos seria da CIA, NSA e do The New York Times”, segundo o Departamento de Justiça.

Alegações de quebra de senha

A acusação substituta continua alegando que Assange conspirou com o ex-analista de inteligência e militar transexual do Exército dos Estados Unidos Chelsea Manning para decifrar um hash de senha para um computador classificado do Departamento de Defesa dos EUA para acessar documentos classificados.

Manning enviou milhares de documentos classificados para o armazenamento em nuvem do WikiLeaks no início de 2010. Esses documentos continham informações sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque, detalhes sobre detidos na Baía de Guantánamo e mais de 250 mil cabos do Departamento de Estado dos EUA, de acordo com declarações anteriores do Departamento de Justiça.

Manning foi condenada a 35 anos de prisão em 2013 por vazar os documentos classificados, mas sua sentença foi comutada pelo ex-presidente Barack Obama no início de 2017. Em 2019, Manning foi presa novamente por se recusar a testemunhar diante de um grande júri que investiga Assange, segundo o The New York Times.