
O Calid, unidade de combate cibernético do exército da França, está em guerra – cerca de 30 oficiais constantemente em plantão observam as telas em seu QG, instalado em Paris, em busca de palavras e conexões suspeitas, com atenção redobrada depois do lançamento da última edição da revista Charlie Hebdo, contendo caricaturas do profeta Maomé.
O software utilizado pelo exército imprime em vermelho as palavras suspeitas. Segundo um dos oficiais de plantão, procura-se todos os intrusos mal ou muito mal intencionados. Eles estão em busca, particularmente, de picos anormais de tráfego de rede, assim como tráfegos relevantes (e anormais) de correio.
Os inimigos invisíveis são muitos, incluindo os que no dia 6 de janeiro atacaram o site do ministério da Defesa – nesse caso o grupo Anonymous. Nos últimos dias, os militares têm sido alvo de ataques cibernéticos que visam regimentos específicos. Em 12 de janeiro, hackers do Estado Islâmico (EI) tomaram temporariamente o controle de contas do Twitter e YouTube do comando militar dos EUA (Centcom). “O povo do EI tem dinheiro para recrutar cientistas da computação. Eles podem não ter as redes de inteligência no alvo, mas são capazes de atacar e bloquear sites rapidamente”, observa o vice-almirante Arnaud Coustillière, responsável pela ciberdefesa no Estado Maior das forças armadas francesas. “Isso é só cenário. Mas na guerra de imagem, isso pode ser muito interessante”, acrescentou o especialista. Os jihadistas não têm meios no entanto, disse ele, para a realização de grandes ataques. O Calid (Centro de análise de lua informática defensiva) também monitora ataques cibernéticos que podem paralisar os sistemas de armas ou desviam a informação sobre os meios e metas militares.
A França tem um orçamento de defesa cibernética de um bilhão de euros para o período 2014-2019. Com isso, o Calid deve dobrar de tamanho nos próximos cinco anos, com mais 400 especialistas sendo recrutados. Ainda assim, a França continua muito atrás os EUA, China e Israel, num nível comparável com a Grã-Bretanha e Rússia, de acordo com o Ministério da Defesa. “A ideia é chegar a um nível suficiente de segurança. Não há segurança absoluta. Ela deve ser antecipada com níveis de protecção adequados e ser capaz de reagir em caso de ataque segundo Frédéric Valette, porta-voz da Direction générale de l’armement (DGA).