Rede social justifica eliminação devido ao envolvimento de grupos com “comportamento inautêntico coordenado” para disseminar informações falsas
O Facebook decidiu retirar o conteúdo de dois grupos norte-americanos de extrema direita sob alegação de que estavam disseminando teoria da conspiração para influenciar a opinião pública antes da eleição presidencial dos Estados Unidos, marcada para novembro.
A rede social justificou a eliminação devido ao envolvimento com “comportamento inautêntico coordenado”, que é o termo que a empresa usa para descrever “grupos de contas e páginas que procuram enganar as pessoas e sobre suas atividades utilizando-se de contas falsas”.
A primeira medida envolveu a remoção de cinco páginas, 20 contas do Facebook de seis grupos associados à rede QAnon, um grupo de teóricos da conspiração de extrema direita que surgiu há cerca de três anos. São apoiadores de Donald Trump que afirmam existir o que chamam de “deep state” (estado profundo). O termo “estado profundo” se refere a setores do establishment político e econômico que funcionariam como grupos organizados que exercem forte controle sobre o conjunto da sociedade. Segundo a rede QAnos esses setores se articulam para derrubar o presidente.
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O grupo já havia afirmado que Barack Obama, Hillary Clinton, George Soros e outros planejam um golpe de Estado e todos seriam membros de uma organização internacional de tráfico sexual de crianças. Mais recentemente, o grupo divulgou uma série de informações falsas sobre a origem do novo coronavírus.
O segundo grupo investigado pelo Facebook está vinculado ao site VDARE, conhecido por publicar conteúdo anti-imigração e vinculado a um site semelhante conhecido como The Unz Review. Nesse caso, a rede social removeu 19 páginas, 15 contas e um outro grupo, novamente, todos originários dos EUA e focados no mercado interno.
A notícia surge no momento que uma nova pesquisa revela que os usuários de mídias sociais do Reino Unido desejam ações mais rígidas contra a desinformação online.
A Open Knowledge Foundation descobriu que 55% dos britânicos acreditam que o governo deveria “impor ação compulsória” em sites de mídia social para impedir a disseminação de notícias falsas. Um terço (33%) disse que ações voluntárias como a do Facebook seriam suficientes.
Catherine Stihler, diretora executiva da Open Knowledge Foundation, sustenta que a melhor maneira de combater a desinformação “é tornar as informações abertas, permitindo que jornalistas, cientistas e pesquisadores forneçam fatos ao público”.
“Os gigantes da tecnologia têm a responsabilidade de aumentar a transparência e trabalhar em estreita colaboração com os ‘verificadores’ de fatos, mas a ação voluntária nunca será suficiente por si só”, acrescenta ela, em entrevista à Infosecurity.