A terceira edição do Guardião Cibernético, exercício de ciberdefesa das infraestruturas críticas brasileiras, organizado pelo Exército, poderá acontecer dentro dos próximos dois ou três meses e vai ser sediada em Brasília pelo Comando de Defesa CIbernética. Mas uma parte dele vai acontecer em São Paulo, no Quartel General do Comando Militar do Sudeste. A informação foi dada ontem pelo general Guido Amin Naves, o comandante de Defesa Cibernética do Exército, durante o encontro online “Defesa Cibernética”, promovido pelo IEJA, o Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados. Participaram do evento, além do general, o diretor da Apura Cyber Intelligence, Sandro Süffert; o senador Esperidião Amin (PP-SC); o professor César Marcondes, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); e Tarcísio Dal Maso, diretor do Ieja. O evento teve 766 inscritos.
Embora não tenha mencionado a data, o general informou que o exercício “Guardião Cibernético” continua programado para acontecer novamente este ano, e a data inicial era em Julho. “No primeiro, em 2018, foram feitos exercícios de proteção dos setores nuclear, defesa e financeiro. Em 2019 incorporou-se os setores elétrico e de telecom e foram feitos incidentes intersetores. E houve incidentes para gestão – de empresas, bancos, contanto com gente da área juridica, de administração, comunicação, TI, debatendo como gerir as consequências”, detalhou Amin.
Veja isso
Governo anuncia política nacional e escola de segurança e defesa cibernética
Brasil e Argentina reforçam parceria em defesa com ênfase no setor cibernético
“Para o Guardiao 3.0 este ano, vamos trazer os setores de água e transportes, completando o rol de infraestrutura crítica”, acrescentou. Pela primeira vez, explicou, haverá um hub remoto: “O Guardião sempre aconteceu fisicamente aqui, onde temos seimulador e ambiente seguro e isolado da Internet. Mas o espaço físico é limitado e a demanda muito grande. Então, faremos um hub remoto em São Paulo. A ideia é que o setor de telecom participe do exercício de lá, no QG do Comando Militar do Sudeste”. No futuro, disse o general, outros hubs poderão ser criados para a participação dos especialistas de outros Estados da Federação. Embora dure apenas dois ou três dias, o Guardião Cibernético exige quase um ano de preparação, explicou o general, um processo que deve ser considerado valioso como o próprio Guardião.
Estamos em guerra
O general Amin foi o primeiro a falar no evento, que durou perto de 1h30. Embora tenha planejado falar de dez a 15 minutos, começando pela Estrutura Nacional de Defesa , acabou falando bem mais, para responder a perguntas como a de Dal Maso, sobre estarmos ou não em guerra. “A guerra cibernética acontece todos os dias”, afirmou Amin. Por essa razão, o Comando Cibernético está permanentemente “ativado”, tal como o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro, explicoiui o general. Ativado, nesse contexto, é a mesma coisa que ‘engatilhado’. Segundo ele, o comando pode reagir sem a necessidade de outras ordens superiores: “Tal como na guerra aeroespacial, não podemos estar um minutos desatentos ao que acontece”.
Amin falou um pouco sobre as limitações para uso da Inteligência Artificial para fins militares, e sobre o planejamento de ciberdefesa afirmou que a cada cinco anos é preciso fazer um grande replanejamento. “O nosso primeiro foi feito em 2010. Depois do caso Snowden, fizemos outro e viemos até agora. E após a Olimpiada de 2016, sentimos necessidade de refazer o planejamento estratégico, redefinir rumos. Não adianta fazer em planejamento além de cinco, seis, sete anos. Podemos visualizar. Mas planejar… Até pelas mudanças tecnológicas e incertezas orçamentarias”, comentou.
O comandante da Defesa Cibernética aproveitou para comentar e elogiar a ajuda prestada pelo senador Esperidião Amin no relatório de avaliação da defesa cibernética do Brasil, feita no ano passado pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado. O senador foi o relator do trabalho e na apresentação que fez afirmou que o orçamento da área deveria ser de pelo menos R$ 60 milhões em 2020 e de R$ 120 milhões nos três anos seguintes.