A Europa enfrenta uma crise iminente relacionada ao abuso de spyware, segundo John Scott-Railton, pesquisador do Citizen Lab do Canadá. Durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, Scott-Railton destacou que a região se tornou o epicentro global desse problema, além de ser um local estratégico para o estabelecimento de empresas que desenvolvem tecnologias de espionagem.
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O spyware, incluindo ferramentas como Pegasus, Predator e Reign, é projetado por empresas privadas e comercializado para governos. Essas ferramentas exploram vulnerabilidades desconhecidas no momento dos ataques e podem infectar dispositivos sem qualquer ação por parte das vítimas. Uma vez instalado, o spyware permite acesso completo ao dispositivo, incluindo ativação remota do microfone para espionagem ambiental.
Embora os fornecedores afirmem que a tecnologia é destinada a investigações contra terroristas e criminosos graves, relatos frequentes mostram seu uso contra jornalistas, ativistas de direitos humanos e políticos, alertou Scott-Railton. Esse uso abusivo foi um dos principais pontos discutidos na reunião, que contou com a presença de representantes de 16 países.
A maioria dos participantes, incluindo os Países Baixos, reconheceu a necessidade de conter a propagação e o uso indevido de spyware comercial e assinou uma declaração conjunta. No entanto, a reunião não resultou em ações ou propostas concretas. Casos anteriores, como o uso do spyware Pegasus pelo serviço de inteligência holandês AIVD, já haviam sido reportados, ilustrando a gravidade do problema.
O uso generalizado e indiscriminado de spyware comercial levanta preocupações sobre direitos humanos e segurança global, destacando a necessidade urgente de regulamentações mais rígidas e maior supervisão internacional.