Cerca de oito em cada dez empresas avaliam que a pandemia aumentou a probabilidade de serem alvos de um ataque cibernético liderado ou patrocinado por governos, revela uma nova pesquisa global da Economist Intelligence Unit (EIU), braço de consultoria do grupo birtânico The Economist, que publica a revista e mesmo nome, realizada em conjunto com o Cybersecurity Tech Accord, organização que reúne mais de 150 empresas globais comprometidas em proteger seus clientes e usuários e ajudá-los a se defender contra ameaças cibernéticas.
A pesquisa foi realizada entre novembro e dezembro de 2020, antes do mega-ataque cibernético à empresa de software SolarWinds que afetou mais de nove agências federais e 100 organizações privadas em todo o mundo.
“Esse ataque foi um momento de avaliação para muitas organizações sobre os desafios apresentados pelos ataques cibernéticos liderados e patrocinados por Estados-nação [como são classificados], mas, como a pesquisa revela, muitas empresas há muito tempo estão cientes da ameaça crescente”, diz o relatório da EIU.
A pesquisa ouviu mais de 500 executivos que ocupam cargos de liderança, os chamados C-Levels (CEO, CFO, CTO, CISO, CIO, COO, etc.), em empresas na Ásia-Pacífico, Europa e Estados Unidos, familiarizados com a estratégia de segurança cibernética de suas organizações. Eles estão preocupados com as consequências catastróficas para a reputação e financeiras e pedem maior cooperação política internacional para mitigar essas ameaças.
Os resultados mostram que os líderes do setor privado acreditam que as ameaças cibernéticas por parte de Estados-nação aumentem nos próximos anos e querem que os governos implementem soluções políticas eficazes em nível nacional e internacional. A preocupação é tamanha que 80% dos entrevistados avalia que sua organização pode ser vítima de um ataque cibernético de Estado-nação, com a maioria dizendo que essa preocupação aumentou nos últimos cinco anos.
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“Como uma coalizão de mais de 150 empresas globais de tecnologia, estamos muito preocupados com os ciberataques patrocinados por governos, que estão se tornando cada vez mais frequentes e sofisticados. Algo precisa ser feito e em breve”, disse Annalaura Gallo, secretaria do Cybersecurity Tech Accord. “Essa pesquisa mostra que as empresas veem os ataques cibernéticos liderados e patrocinados por Estados-nação como uma questão urgente que exige que os governos ajam nacional e internacionalmente.”
As empresas pesquisadas acreditam que as ameaças cibernéticas de hackers ligados a Estados-nação devem ficar atrás apenas do crime organizado. “Há uma falsa sensação de segurança. Sessenta e oito por cento dos executivos sentem que suas organizações estão ‘muito’ ou ‘completamente’ preparadas para lidar com um ataque cibernético”, menciona o relatório.
“Dada a recente escalada de tensões no ciberespaço, a cooperação entre governos está se tornando cada vez mais complicada à medida que os sistemas políticos diferem e a competição tecnológica aumenta”, disse Marietje Schaake, presidente do CyberPeace Institute.