Pouco menos de um ano das eleições presidenciais nos Estados Unidos, em novembro de 2024, as autoridades já se mostram preocupadas com as ameaças geradas pelo uso da inteligência artificial (IA), particularmente as deepfakes, técnica usada na produção de vídeos realistas em que pessoas aparecem fazendo e falando coisas que nunca fizeram ou disseram. Segundo especialistas, as deepfakes estão emergindo como um dos principais problemas à segurança do pleito, sem que haja ferramentas confiáveis ainda em vigor para combatê-las.
Em novembro de 2024, além do presidente da República, os eleitores americanos escolherão os deputados que irão ocupar os 435 assentos na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, os ocupantes dos 34 assentos no Senado, além de 13 governadores, juntamente com milhares concorrentes para o governo local.
A preocupação das autoridades com a desinformação (fake news) e a manipulação de áudios e imagens para criar arquivos falsos mostra que as perspectivas sobre o que pode acontecer no próximo ano são nebulosas e incertas. Em novembro, a empresa de nuvem de conectividade Cloudflare divulgou um relatório identificando o que vê como tendências de ataques cibernéticos no cenário eleitoral e que podem ameaçar que as eleições transcorram de forma segura e confiável nos EUA.
Embora a Cloudflare tenha relatado que, de novembro de 2022 a agosto de 2023, mitigou 34,7 milhões de ameaças a grupos eleitorais nos EUA que pesquisou, principalmente ataques distribuídos de negação de serviço (DDoS) e mitigações de regras gerenciadas, especialistas em segurança cibernética dizem que a disseminação de desinformação, auxiliada pelos avanços em inteligência artificial, representa a maior ameaça às eleições à medida que os EUA entram em um ano eleitoral importante.
De acordo com o estudo, ao contrário das violações e disseminação de informações falsas por operadores de ameaças russos que agitaram a eleição presidencial dos EUA em 2016, os Estados-nação e grupos afiliados de hackers são mais propensos a recorrer a métodos mais difusos no próximo ano, confiando não apenas nas táticas de phishing testadas e comprovadas implantadas em eleições anteriores, mas também no uso generalizado de ferramentas auxiliadas por inteligência artificial, como deepfakes.
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As eleições gerais da Eslováquia em setembro podem servir como amostra de como a tecnologia deepfake pode prejudicar os eleitores. Às vésperas das eleições parlamentares altamente contestadas daquele país, o partido de extrema direita Republika circulou vídeos de deepfakes com vozes alteradas do líder progressista da Eslováquia, Michal Simecka, anunciando planos para aumentar o preço da cerveja e, mais seriamente, discutindo como seu partido planejava fraudar a eleição. Embora seja incerto quanto peso dessas deepfakes tiveram no resultado final da eleição, o resultado é que o partido pró-Rússia Smer, alinhado ao Republika, terminar em primeiro lugar, o que demonstrou o poder dos deepfakes.
Deepfakes de orientação política já apareceram no cenário político dos EUA. No início deste ano, uma entrevista na TV com a senadora democrata Elizabeth Warren foi alterada e circulou nas redes sociais.
Para ter acesso ao relatório 2024, the year of elections da Cloudflare, em inglês, clique aqui.