Criminosos lavaram mais de US$ 22 bilhões em criptomoedas em 2023, o que representa uma queda de 30% na comparação com o recorde histórico de US$ 31,5 bilhões de 2022, de acordo com o estudo Crypto Crime Report 2024 da Chainalysis, divulgado nesta quinta-feira, 15.
Segundo os pesquisadores da empresa de análise de blockchain, que rastream os fundos por meio das blockchains, as exchanges centralizadas continuam a ser o principal meio de off-ramping — conversão de criptomoedas em moedas fiduciárias tradicionais —, sendo destino de 62% de todos os fundos que saem de carteiras ilícitas.
“A boa notícia é que as exchanges centralizadas permitem congelar e apreender ativos associados a atividades ilícitas. Graças ao aumento dos investimentos em compliance, incluindo a implementação de medidas rigorosas de KYC [know your client, ou conheça o seu cliente] e AML [anti money laundering, ou antilavagem de dinheiro], as exchanges e as agências de aplicação da lei podem impedir que criminosos saquem seus ganhos”, disse Kim Grauer, diretora de pesquisa da Chainalysis.
A lavagem de fundos de criptomoedas geralmente é concentrada em um número relativamente limitado de exchanges. Em 2023, a grande maioria (72%) dos fundos ilícitos lavados foram para apenas cinco serviços de off-ramping, contra 69% no ano anterior.
Uma tática que vem sendo utilizada por criminosos para ofuscar sua atividade é a difusão de fundos por meio de vários endereços de depósito (semelhantes a contas bancárias em sistemas financeiros tradicionais). Em 2023, 1.425 endereços receberam mais de US$ 1 milhão em criptomoedas de forma ilícita, totalizando US$ 6,7 bilhões até dezembro, o que representa 46% de todo o valor ilícito recebido pelas exchanges no ano.
“Esta também pode ser uma estratégia para diminuir o impacto do congelamento de qualquer endereço por atividades suspeitas”, explicou Grauer. “Como resultado, o combate ao criptocrime e à lavagem de dinheiro pode exigir maior diligência e compreensão das atividades em blockchain do que no passado, dada a difusão dos depósitos”, disse a diretora de pesquisa.
Embora as exchanges centralizadas ainda detenham o maior volume de lavagem de fundos de criptomoedas, talvez sem surpresa, à medida que a popularidade dos protocolos DeFi cresce, também aumenta sua utilização por criminosos mais sofisticados. No geral, o fluxo de fundos ilícitos para protocolos DeFi tem seguido uma tendência de alta ao longo dos últimos cinco anos, e é agora responsável por 13% do volume lavado globalmente. DeFi são protocolos que eliminam intermediários nas transações, como bancos, corretoras e outras instituições financeiras.
Gangues criminosas organizadas, como o grupo Lazarus da Coreia do Norte, utilizam as pontes entre as blockchains para desviar criptomoedas. Essas pontes permitem que os usuários movam fundos de uma blockchain para outra e, no ano passado, o uso desses protocolos para fins de lavagem de dinheiro mais que dobrou.
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No geral, essas ferramentas receberam US$ 743,8 milhões em criptomoedas provenientes de endereços ilícitos em 2023, aproximadamente 138% acima dos US$ 312,2 milhões de 2022. “As mudanças nas estratégias de lavagem de dinheiro que observamos, como no caso do Grupo Lazarus, servem como um lembrete importante de que a maioria atores ilícitos sofisticados estão sempre adaptando suas estratégias. As equipes de aplicação da lei e compliance podem ser mais eficazes estudando esses novos métodos e familiarizando-se com os padrões nas blockchains”, concluiu Grauer.
Para ter acesso ao estudo completo Crypto Crime Report 2024 da Chainalysis, em inglês, clique aqui. Já para ter saber quais as táticas usadas pelos grupos criminosos para lavar dinheiro, como a gangue Lazarus da Coreia do Norte, clique aqui.