A empresa de análise de blockchain Chainanalysis divulgou os dados consolidados das ações criminosas envolvendo criptomoedas em 2021. Intitulado “2022 Crypto Crime Report”, o relatório revela que o crime baseado em criptomoeda atingiu um novo recorde histórico de US$ 14 bilhões no ano passado, ante US$ 7,8 bilhões em 2020.
Em dezembro, a consultoria havia publicado dados preliminares que mostravam que os cibercriminosos haviam lucrado cerca de US$ 7,7 bilhões com ataques e fraudes envolvendo criptomoedas em 2021.
A empresa chama atenção para o fato de o aumento do crime cibernético vir com uma expansão significativa no uso legítimo criptomoedas em fraudes. Segundo o relatório, o crescimento do uso legítimo de criptomoedas ultrapassou em muito o crescimento do uso por criminosos.
Em todas as criptomoedas rastreadas pela Chainalysis, o volume de transações cresceu para US$ 15,8 trilhões em 2021, um aumento de 567% na comparação com 2020. As transações ilícitas representaram apenas 0,15% do volume de transações de criptomoedas em 2021, apesar de o valor bruto de transações ilícitas estar no seu nível mais alto.
Além disso, os esforços e a capacidade da aplicação da lei para combater crimes envolvendo criptomoedas também estão evoluindo, com as agências da lei dos Estados Unidos à Rússia tendo tomado medidas contra fraudes, ransomware e serviços de criptomoeda envolvidos na lavagem de dinheiro, de acordo com o relatório.
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“No entanto, também temos que equilibrar os aspectos positivos do crescimento do uso legal de criptomoedas com o entendimento de que US$ 14 bilhões em atividades ilícitas representam um problema significativo”, diz a Chainanalysis. “O uso criminoso de criptomoedas cria enormes impedimentos para a adoção contínua de moedas virtuais, aumenta a probabilidade de restrições impostas por governos e, o pior de tudo, vitima pessoas inocentes em todo o mundo”, diz o documento.
Duas categorias de criptocrimes se destacaram por seu crescimento no último ano — fundos roubados e, em menor grau, golpes.
O roubo de criptomoedas em geral cresceu mais de cinco vezes desde 2020, com cerca de US$ 3,2 bilhões em moedas roubadas no ano passado. Cerca de US$ 2,2 bilhões desses fundos, cerca de 72% do total, foram roubados de plataformas DeFi (decentralized finance, ou em português, finanças descentralizadas). A principal rede descentralizada de DeFi é a Ethereum (ETH).
Golpes nas plataformas DeFiatingiram US$ 7,8 bilhões, um salto de 82% em relação a 2020. Segundo a Chainalysis, mais de US$ 2,8 bilhões deste total veio de um tipo de golpe relativamente novo chamado “tap pulls” (puxada de tapete), em que os desenvolvedores criam oportunidades de investimento falsas antes de desaparecer com o dinheiro dos investidores.
De acordo com o relatório, cerca de 90% do total de fundos perdidos em tap pulls no ano passado podem ser atribuídos a uma bolsa centralizada fraudulenta, a Thodex, cujo CEO desapareceu logo depois que a bolsa interrompeu o saque de fundos dos usuários. No entanto, todas as outras puxadas de tapete monitoradas pela Chainalysis em 2021 envolveram projetos DeFi.