A Cloudflare, especializada na proteção contra ataques distribuídos de negação de serviço (DDoS, na sigla em inglês) a infraestruturas da web, disse na segunda-feira, 7, que continuará fornecendo alguns serviços na Rússia, apesar de vários pedidos para que encerre as operações naquele país, afirmando que “a Rússia precisa de mais acesso à internet, não menos”.
A declaração vem na sequência de outras empresas de infraestrutura de internet que estão tendo que explicar como pretendem tratar a relação de negócios com a Rússia, enquanto o governo daquele país continua seu ataque à Ucrânia.
O governo da Ucrânia e outros têm pedido às empresas do ocidente que saiam da Rússia e limitem o acesso de organizações russas à internet, ao mesmo tempo em que o presidente Putin bloqueou o acesso ao Facebook e ao Twitter dentro de suas fronteiras e vem trabalhando para sufocar qualquer informação independente sobre sua guerra.
Hacktivistas têm direcionado ataques DDoS — muitas vezes com o incentivo do governo ucraniano — a vários sites russos, em represália às repetidas interrupções por DDoS nas semanas e dias anteriores à invasão e aos destrutivas ataques cibernéticos ao governo e às organizações da Ucrânia.
Em um comunicado, o CEO da Cloudflare, Matthew Prince, disse que a empresa verificou um “aumento dramático nas solicitações das redes russas para a mídia mundial, refletindo o desejo dos cidadãos russos comuns de acessar notícias do mundo, além das fornecidas na Rússia”.
Na declaração, ele detalhou várias medidas que a empresa tomou para ajudar a Ucrânia, como proteção contra DDoS sem custo para algumas organizações locais, e disse que continua monitorando e atualizando suas práticas de negócios com a Rússia à medida que surgem as sanções. Mas cortar seus serviços no país, segundo Prince, “faria pouco para prejudicar o governo russo” e, em vez disso, “limitaria o acesso a informações fora do país” e seria “celebrado” pelo governo russo.
Os ataques DDoS tornam sites, serviços da web e redes inacessíveis, geralmente inundando-os com tráfego falso. Eles são relativamente básicos em termos de atividade disruptiva e não exigem habilidades ou sofisticação de alto nível para serem executados.
Outra grande empresa de mitigação de DDoS, a Akamai, disse em comunicado na segunda-feira que também “manterá nossa presença de rede na Rússia”, mas suspenderá todos os esforços de vendas no país e na Bielorrússia, encerrando os negócios com estatais russas e bielorrussas, além de fornecer apoio às necessidades humanitárias na Ucrânia através de sua fundação.
A declaração observou, duas vezes, que a Akamai “está com o povo da Ucrânia” e disse que seu trabalho contínuo na Rússia “apoia nossos clientes globais… cidadãos da Rússia”. Mas acrescentou que cumprirá todas as sanções aplicáveis.
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Apesar dessas justificativas, o ministro da transformação digital da Ucrânia, Mykhailo Fedorov, tuitou em 28 de fevereiro que “a Cloudflare não deve proteger os recursos da web russos enquanto seus tanques e mísseis atacam nossos jardins de infância”.
A Cogent, uma grande empresa americana e uma das maiores operadoras de backbone de internet do mundo, anunciou na sexta-feira que estava cortando seus clientes russos a partir de 4 de março. A decisão da empresa por si só não é capaz de tirar a Rússia da internet, mas “à medida que o país se tornar cada vez mais desconectado do sistema financeiro, as empresas de comunicação da Rússia podem ter dificuldade em pagar provedores de tráfego estrangeiros pelo serviço”, escreveu Doug Madory, diretor de análise da internet da Kentik, acrescentando que a decisão foi “sem precedentes na história da internet”.
Na sexta-feira, 4, a empresa de segurança cibernética SOC Prime emitiu um comunicado e iniciou uma petição online pedindo que Cloudflare, Akamai, Amazon Web Services, Imperva e Sucuri cessem os serviços DDoS na Rússia. A Amazon Web Services disse que não possui data centers, infraestrutura ou escritórios na Rússia e tem “uma política de longa data de não fazer negócios com o governo russo”.
Em comunicado a AWS disse que os clientes que usam seus serviços na Rússia “são empresas que estão sediadas fora do país e têm algumas equipes de desenvolvimento lá”. Ela acrescentou que se algum cliente estiver “usando os serviços da AWS para ameaçar, incitar, promover ou ativamente incentivar a violência, o terrorismo ou outros danos graves a outras pessoas, eles não terão permissão para usar nossos serviços”. Com agências de notícias internacionais.