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Ciberataques cresceram 23% no Brasil em 2021

Da Redação
31/08/2021

A empresa russa de segurança Kaspersky publicou ontem o seu relatório “Panorama de Ameaças 2021” – levantamento anual feito pela equipe de Pesquisa e Análise da empresa na América Latina. Nos oito primeiros meses de 2021, os números mostram um aumento de 23% dos ciberataques no Brasil em comparação com o mesmo período do ano anterior. O relatório leva em conta os 20 malwares localizados com maior frequência. Juntos, eles totalizaram 481 milhões de tentativas de infecção – média de 1.395 bloqueios por minuto.

A conclusão dos especialistas é clara: a segurança do trabalho remoto precisa ser levada a sério e a pirataria deve ser removida das casas e ambientes empresariais.A tendência de crescimento é verificada em todos os países da América Latina – exceto pela Costa Rica, com queda de 2%. A lista é liderada por Equador (75%), Peru (71%), Panamá (60%), Guatemala (43%) e Venezuela (29%). No total, a Kaspersky registrou 2.107 ataques por minuto dos top 20 malwares na região. Neste quesito, o Brasil lidera com 1.395 tentativas de infecção por minuto, seguido por México (299 bloqueios/min), Peru (96 bloqueios/min), Equador (89 bloqueios/min) e Colômbia (87 bloqueios/min).

Para Dmitry Bestuzhev, diretor da Equipe de Pesquisa e Análise da Kaspersky na América Latina, o alto índice de programas piratas na região auxilia o cibercrime. “Quando analisamos os bloqueios realizados por nossas tecnologias, identificamos famílias de malware que nos permitem dizer que os internautas latino-americanos procuram as ameaças, pois são disseminadas por meio da pirataria de programas”, explica.

O especialista destaca ainda os golpes usando PDF e trojans web que roubam dados de cartões de crédito. “O interessante destes ataques web é que não há infecção no computador da vítima. O código malicioso está presente na loja online ou banco, e ele efetuará o roubo enquanto o visitante digita suas informações”, explica. Bestuzhev ressalta que esses ataques web tornaram-se o principal vetor de infecção – tanto para clientes Windows, quanto para Mac. Porém, para estes outros usuários, os adware e mineração maliciosos são as principais ameaças para o sistema operacional MacOS.

Uma curiosidade do Panorama de Ameaças de 2021 é que os ataques de phishing (mensagens fraudulentas) estão diminuindo – mas diversos países latinos ainda estão entre os mais atacados no mundo. Considerando a proporção de usuários atacados em 2021, o ranking mostra o Brasil na primeira colocação com 15,4% dos internautas registrando tentativas de ataque. As primeiras posições ainda trazem o Equador (13,4%), Panamá (12,6%), Chile (12%) e Colômbia (11%). É curioso que apenas Venezuela (7,2%) e República Dominicana (5,62%) estão entre os países com menos ataques de engenharia social no mundo.

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O terceiro destaque entre as ameaças mais comuns para os internautas são para plataformas móveis. Segundo o levantamento da Kaspersky, foram registradas mais de 173 mil tentativas de infecções – média de cerca de 20 bloqueios por hora na América Latina. A principal ameaça são os adware que visam gerar lucro mostrando propaganda indesejada às vítimas. Porém, estão presentes outras duas famílias mais sérias: programas visam obter controle total do celular e um stalkerware.

Classificamos como stalkerware os programas comerciais de espionagem. Eles são feitos por empresas, que existem de verdade, e oferecidos como software para monitorar filhos ou empregados. No entanto, seu real uso é a espionagem de cônjuges e parceiros – principalmente mulheres. Este problema é mundial e está relacionado com a violência contra mulheres”, esclarece o especialista. Neste ano, a Kaspersky publicou um relatório específico sobre esta ameaça, que afeta mais o Brasil, México e Peru.

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A análise do Panorama de Ameaças de 2021 da Kaspersky no ambiente corporativo demostra que as empresas não souberam realizar a migração para o ambiente de trabalho remoto de forma segura. Bestuzhev explica que o home office exige acessos remotos e que esta tecnologia não está protegida – expondo os negócios às ações dos cibercriminosos.

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Este tipo de ataque explora vulnerabilidades presentes nas tecnologias de acesso remoto ou tenta adivinhar as senhas de acesso da máquina ou servidor conectado na internet e entrar na rede das empresas para roubar dados e extorqui-las. Ao comparar os oito primeiros meses de 2020 com os de 2021, verificamos aumento de 78%”, afirma o diretor. Os países mais atacados são Brasil (mais de 5 milhões de tentativas de ataques neste ano), Colômbia (1,8 milhão), México (1,7 milhão), Chile (1 milhão) e Peru (507 mil). O relatório também destaca que Costa Rica (378%), Venezuela (113%) e Argentina (91%) são os países com maior crescimento na comparação com o ano anterior.

Outro problema importante no ambiente corporativo é a pirataria. A análise do Panorama mostra que está presente nos sistemas Windows em estações de trabalho e também nos sistemas operacionais de indústrias. “Sistemas industriais já são obsoletos – ou seja, não são atualizados –, pois esta infraestrutura é antiga e muitos não poderão funcionar como os sistemas mais os modernos. Como consequência, vemos que o ransomware WannaCry ainda circula na indústria, mesmo depois de quatro anos”, afirma Dmitry.

O Panorama mostra que, em média, são bloqueados 1 tentativa de ataque a sistemas industriais por hora na América Latina e mais de 11 mil ataques contra estações de trabalho Windows por hora. Entre as ameaças mais comuns para o sistema operacional da Microsoft estão golpes financeiros que roubam o dinheiro das companhias, programas de espionagem e ferramentas de administração remota.

A pirataria também está presente nos servidores, que muitas vezes armazenam todas as informações da companhia. “Foram bloqueados mais de mil tentativas de ataque por hora contra servidores Windows e vemos a mineração maliciosa de criptomoedas e o WannaCry entre as ameaças mais populares. Mas o que mais me preocupa são as ferramentas de movimentação lateral que indicam a existência de um ataque de ransomware dirigido. Estes ataques já cresceram mais de 700% neste ano”, destaca Bestuzhev.

Por fim, o diretor da Kaspersky chama atenção para os ataques contra sistemas Linux. De acordo com o Panorama 2021 da empresa de cibersegurança, 75% dos bloqueios ocorreram em servidores Linux e os demais focam em ambientes virtualizados. “A principal ameaça deste sistema operacional é a mineração maliciosa – e são trojans criados especialmente para esta plataforma. Outro destaque é o Javali, que faz parte do Tetrade, família de trojans brasileiros que se expandiram para a América Latina e Europa e visam o roubo financeiro.”

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