Tian Yinyin e Li Jiadong foram indiciados pelos Estados Unidos sob acusação de terem ajudado a lavar criptomoedas roubadas por hackers norte-coreanos

Dois chineses foram indiciados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos sob acusação de terem ajudado a lavar mais de US$ 100 milhões em criptomoeda roubados por hackers norte-coreanos.
Tian Yinyin e Li Jiadong foram acusados de conspiração, lavagem de dinheiro e operação de um negócio de transferência de dinheiro sem licença. Apesar do indiciamento, é pouco provável que eles sejam julgados nos EUA.
De acordo com o processo, entre dezembro de 2017 e abril de 2019, as moedas virtuais foram roubadas em trocas feitas pelo grupo hacker Lazarus Group, apoiado pelo governo de Pyongyang.
Um desses hacking envolveu o roubo em 2018 de US$ 250 milhões de uma bolsa de criptomoeda, cujo nome não foi revelado. Outro roubo envolveu US$ 48,5 milhões em moeda virtual de uma bolsa da Coréia do Sul em novembro do ano passado.
No caso do roubo de US$ 250 milhões, Tian transferiu US$ 34 milhões de um total de US$ 91 milhões para uma conta bancária que mantinha com Li na China e transferiu outros US$ 1,4 milhão para cartões-presente do iTunes, segundo o Tesouro dos EUA. No total, 113 contas e endereços em moeda virtual foram supostamente usados para lavar fundos.
Tian e Li não estão sob custódia dos EUA, mas é improvável que enfrentem a Justiça americana. De todo modo, o Tesouro aplicou sanções aos dois, o que significa que qualquer uma de suas “propriedades e interesses em propriedades” que possam ter nos EUA ou sob o controle de pessoas americanas “serão bloqueadas e relatadas ao Escritório da Controle de Ativos Estrangeiros”.
A Coréia do Norte há muito realiza trocas de criptomoedas como uma maneira de contornar possíveis sanções dos EUA e encher os cofres do regime de Kim Jong-un. Relatório da ONU de 2019 aponta que os hackers apoiados pelo governo norte-coreano conseguiram acumular até US$ 2 bilhões.
Nos últimos cinco anos, oficiais do governo dos EUA vincularam o grupo Lazarus a incidentes cibernéticos em todo o mundo, incluindo o ataque de malware contra a Sony Pictures, em 2014, e os ataques do ransomware WannaCry, em 2017. O grupo também esteve envolvido em vários roubos bancários, incluindo o assalto ao Banco de Bangladesh em 2016, e recentemente começou a visar trocas de criptomoedas para financiar ilegalmente o governo de Pyongyang, dizem autoridades dos EUA.
“O regime norte-coreano continuou sua ampla campanha de ataques cibernéticos contra instituições financeiras”, observou o secretário do Tesouro Steven T. Mnuchin na segunda-feira. “Os EUA continuarão a proteger o sistema financeiro global, responsabilizando aqueles que ajudam a Coréia do Norte a se envolver em crimes cibernéticos”.