A empresa israelense Cellebrite anunciou ontem que não permitirá mais que a Sérvia use seu software, utilizado por autoridades policiais em todo o mundo para desbloquear celulares: investigações das ONGs BIRN e Anistia Internacional mostraram que o serviço de inteligência sérvio usou a tecnologia da Cellebrite para desbloquear telefones de ativistas e instalar software espião.
Leia também
Cellebrite contra a exploração infantil
Cellebrite recebe três prêmios Forensic 4:cast
A Cellebrite disse que leva a sério as alegações de possível uso indevido de sua tecnologia por usuários “de maneiras que iriam contra as condições explícitas e implícitas descritas em nosso contrato de usuário final”. Ela insistiu que sua tecnologia não é spyware, uma ferramenta de vigilância ou qualquer tipo de instrumento cibernético ofensivo.
Após considerar as alegações levantadas nos relatórios publicados em dezembro de 2024 pela BIRN e pela Anistia Internacional, “a Cellebrite tomou medidas precisas para investigar cada alegação de acordo com nossas políticas de ética e integridade. Achamos apropriado interromper o uso de nossos produtos pelos clientes relevantes neste momento”, disse a empresa em um comunicado.
Embora a declaração não tenha nomeado especificamente os usuários cujo acesso à tecnologia foi restrito, a investigação do BIRN e da Anistia Internacional mencionou que o serviço de inteligência BIA da Sérvia usou a Cellebrite para baixar ilegalmente dados dos telefones dos ativistas.
De acordo com a investigação do BIRN e a análise forense da Anistia Internacional, foi confirmado que em pelo menos quatro casos as autoridades sérvias usaram ferramentas da Cellebrite para desbloquear e copiar dados dos telefones de ativistas cívicos e, então, instalaram o software espião NoviSpy nesses dispositivos.
Ainda não está claro se a decisão impedirá completamente as autoridades sérvias de continuar a usar as ferramentas da Cellebrite, já que elas podem ser adquiridas por meio de intermediários.