Pesquisa mostra que o setor de cibersegurança britânico movimentou 8,3 bilhões de libras esterlinas no ano passado, mercado que pode ser duramente prejudicado com a saída do país da União Europeia

Novos números divulgados pelo governo do Reino Unido revelam que o setor de segurança cibernética do país alcançou crescimento de dois dígitos nos últimos dois anos, mas analistas do setor avaliam que o Brexit (saída do Grã-Bretanha da União Europeia) ameaça desfazer grande parte do bom trabalho realizado, dificultando o recrutamento de mão de obra qualificada e as vendas internacionais.
Pesquisa da Universidade de Queen, em Belfast, mostra que o setor de cibersegurança britânico movimentou 8,3 bilhões de libras esterlinas no ano passado, com a receita das empresas instaladas no país aumentando 46% entre 2017 e 2019. O número de empresas de cibersegurança localizadas no Reino Unido também cresceu significativamente no período (44%), passando de 846 em 2017 para mais de 1.200 no fim de 2019.
Além disso, o investimento na indústria atingiu um recorde de 348 milhões de libras no ano passado e superou a casa de 1,1 bilhão de libras nos quatro últimos anos, afirmou o estudo.
A Universidade de Queen aponta iniciativas apoiadas pelo governo como HutZero, Cyber101 e o Escritório de Londres para Investimentos Rápidos em Segurança Cibernética (Lorca, na sigla em inglês) desempenharam papel fundamental no apoio a startups e a pequenas e médias empresas (PMEs) para desenvolverem novos produtos e serviços.
A boa notícia chega justamente no momento em que o Reino Unido deixa oficialmente a União Europeia (à meia-noite do dia 31 de janeiro). Especialistas e profissionais de segurança de TI alertam que o Brexit poderá ter um efeito “arrepiante” na indústria nascente de segurança cibernética do país, tornando mais difícil o compartilhamento de informações além-fronteiras e impactando os empregos.
Estudos apontam que mundo, de maneira geral, já enfrenta escassez de mão de obra qualificada em cibersegurança. Calcula-se o déficit de profissionais no setor em mais de 4 milhões de posições, sendo que na Europa o número de posições em aberto disparou mais de 100% entre 2018-2019.
A expectativa é que o Brexit desencoraje muitos candidatos a emprego de virem para o Reino Unido. Isso sem falar que pipeline de formação de profissionais pelas universidades do Reino Unido permanece fraco.
Mais de 90% dos profissionais de TI do Reino Unido disseram à RedSeal no ano passado que acreditam que o Brexit tornará a escassez crônica de profissionais no setor ainda pior. Também existem pontos de interrogação sobre as vendas do Reino Unido. O governo de Boris Johnson se recusou a considerar permanecer no mercado único, o que significa restrições comerciais prováveis que dificultarão as perspectivas de crescimento das empresas.