Três empresas chinesas de telecomunicações serão retiradas da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) nos próximos dias por causa de uma ordem executiva assinada em novembro pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusa as operadoras de ter vínculos com os militares da China. A bolsa divulgou um breve comunicado em 31 de dezembro delineando o processo. As três empresas afetadas são a China Telecom, uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo, a China Mobile e a China Unicom Hong Kong. Todas estão sediadas na República Popular da China e geram a grande maioria de suas receitas fora dos EUA.
A ordem proíbe, a partir das 9h30, horário da Costa Leste dos EUA, de 11 de janeiro, que seja realizada qualquer transação com títulos negociados publicamente, ou quaisquer títulos que sejam derivados ou projetados para fornecer exposição de investimento de tais títulos de qualquer militar chinês, por qualquer pessoa dos EUA, explica a nota. A ordem executiva de Trump em novembro afirmou que Pequim está cada vez mais “explorando o capital dos EUA” para modernizar suas forças armadas.
Segundo ele, mesmo as empresas chinesas que parecem ser de fato privadas são recrutadas para apoiar esses objetivos estratégicos. “Por meio da estratégia nacional de fusão civil-militar, a República Popular da China aumenta o tamanho do complexo industrial-militar do país, obrigando as empresas civis chinesas a apoiar suas atividades militares e de inteligência”, alegou. “Essas empresas, embora permaneçam ostensivamente privadas e civis, apoiam diretamente os aparelhos militares, de inteligência e segurança do país e ajudam em seu desenvolvimento e modernização.”
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Como resultado, diz Trump, essas e outras empresas chinesas listadas nas bolsas dos EUA constituem uma “ameaça incomum e extraordinária” para a segurança nacional e política externa dos EUA e para a economia do país.
Outras empresas chinesas com o mesmo tratamento incluem a Huawei e a gigante de vigilância Hikvision. No mês passado, um novo projeto de lei foi aprovado pela Câmara dos Representantes que exigirá que todas as empresas estrangeiras cumpram as regras de auditoria dos Estados Unidos ou serão retiradas das bolsas do país. Isso pode levar à retirada de várias empresas chinesas, já que há mais de uma década Pequim recusa esse tipo de escrutínio por motivos de segurança nacional.
O governo chinês acusou Washington de usar a segurança nacional como desculpa para atacar a competição e alertou que a ordem de Trump prejudicaria investidores dos Estados Unidos e de todo o mundo.Analistas políticos esperam pouca mudança na política na administração do presidente eleito Joe Biden, devido à disseminada frustração com os registros de comércio e de direitos humanos da China e a acusações de espionagem e roubo de tecnologia.