A decisão do presidente Biden de punir a Rússia pelo hack da SolarWinds rompeu com anos de política externa dos EUA que tolerava a espionagem cibernética. A administração Biden disse em seu despacho informando sobre a punição que Moscou violou os limites aceitáveis de espionagem online com extensão do hack e ataque ao setor privado do país.
Ao anunciar um conjunto de medidas punitivas contra Moscou, incluindo sanções financeiras e expulsões diplomáticas, a Casa Branca deixou claro que suas ações foram em resposta a “todo o escopo das atividades estrangeiras nocivas da Rússia”.
O governo destacou especificamente o que disse ser a intromissão da Rússia nas eleições dos EUA durante anos. Ele também disse que a inteligência americana tem “alta confiança” de que o serviço de inteligência externa da Rússia, o SVR, estava por trás do hack ao SolarWinds no ano passado, que comprometeu pelo menos nove agências federais e cerca de 100 organizações do setor privado.
O governo disse que ambas as campanhas são inaceitáveis e exigem uma resposta enérgica.
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Os EUA puniram a Rússia por interferência na eleição presidencial no passado, principalmente após suas operações durante o pleito de 2016. As administrações anteriores normalmente se abstinham de retaliar países por intrusões cibernéticas que classificavam como espionagem política — não importava quão ampla ou bem-sucedida fosse — em parte porque os EUA e seus aliados regularmente se envolvem em conduta semelhante, disseram autoridades ao The Wall Street Journal.
Segundo o jornal americano, tanto a administração Obama quanto a de Trump buscaram forjar um acordo internacional de que ataques cibernéticos que roubassem propriedade intelectual, danificassem sistemas de computador ou interferissem nas eleições estavam fora dos limites — embora geralmente aceitassem a espionagem como jogo limpo. Em 2015, por exemplo, depois que os EUA souberam que os chineses haviam hackeado arquivos pessoais do governo federal e roubado registros confidenciais de mais de 20 milhões de americanos, James Clapper, então diretor de inteligência nacional do governo Obama, prestou, mas um tanto relutante.
As agências de inteligência ocidentais também lançaram grandes operações de espionagem cibernética contra setores privados estrangeiros, como fez o hack da SolarWinds, disse Thomas Rid, especialista em operações cibernéticas na Rússia e professor da Universidade Johns Hopkins ouvido pelo The Wall Street Journal.
Alguns funcionários dos EUA aconselharam o governo Biden a não justificar sanções especificamente sobre a operação SolarWinds, já que essa medida poderia abrir os EUA à censura estrangeira por suas próprias atividades, disseram pessoas com conhecimento da situação.Funcionários da administração consideraram o hack da SolarWinds além dos limites das operações cibernéticas aceitáveis devido ao seu escopo e escala.
Um alto funcionário do governo disse na semana passada que a retaliação foi justificada porque o ônus de reparar os danos caiu em grande parte sobre empresas privadas e porque a Rússia havia mostrado no passado que pode transformar uma operação de espionagem em algo mais destrutivo.