A Orange Cyberdefense, divisão do grupo francês de telecomunicações Orange, identificou em 2024 um crescimento significativo nos ataques cibernéticos direcionados a setores críticos, como saúde, indústrias e pequenas e médias empresas (PMEs). Os ataques, segundo o relatório Security Navigator, publicado pela empresa, têm objetivos variados, incluindo extorsão financeira e roubo de informações confidenciais, além da manipulação da opinião pública por meio de campanhas de desinformação, impulsionadas pela instabilidade geopolítica global.
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Hospitais e instituições médicas foram alvos prioritários, com 13 mil ataques de extorsão registrados no ano. Esses incidentes tornaram-se mais prejudiciais, impactando não apenas sistemas administrativos, mas também funções críticas para a saúde dos pacientes. Um caso emblemático foi o ataque ao Serviço Nacional de Laboratório de Saúde da África do Sul, que impediu milhares de pacientes de receberem resultados de exames por semanas, atrasando tratamentos vitais.
Pequenas empresas também enfrentaram um aumento alarmante de ataques, com um salto de 53% nos casos de ransomware e prejuízos 52% maiores em relação a 2023. Países em desenvolvimento, como Afeganistão, Djibuti e Uzbequistão, foram particularmente afetados. A vulnerabilidade dessas empresas está associada a deficiências em infraestrutura de segurança e à falta de recursos para combater ameaças avançadas.
Paralelamente, ataques motivados por objetivos políticos cresceram significativamente. A manipulação da opinião pública, principalmente por meio de campanhas de desinformação e notícias falsas nas redes sociais, foi impulsionada por tensões geopolíticas. Foram registrados 6,5 mil ataques relacionados à disseminação de mensagens politizadas e 3.214 casos específicos no Telegram, envolvendo phishing e campanhas maliciosas. Além disso, ataques DDoS direcionados a processos eleitorais, como sistemas de votação eletrônica e contagem de votos, têm como objetivo minar a confiança na democracia.
O relatório também aponta o papel ambivalente da inteligência artificial (IA) no cenário cibernético atual. Embora seja uma ferramenta eficaz para detectar e responder a ameaças, a IA generativa também está sendo usada por criminosos para sofisticar métodos de phishing e engenharia social. A Orange Cyberdefense reforça a necessidade de uma resposta global coordenada para combater essas ameaças, com investimentos em tecnologias modernas e sistemas de defesa cibernética robustos para proteger setores críticos e prevenir futuras crises.