Rara colaboração entre as duas empresas do Vale do Silício pode acelerar o uso de aplicativos que visam levar indivíduos potencialmente infectados a testes ou quarentena mais rapidamente
A Apple e o Google anunciaram na sexta-feira, 10, que trabalharão juntos para criar uma tecnologia de rastreamento de contatos que visa retardar a disseminação do coronavírus, por meio da qual os usuários poderão optar por registrar outros telefones por onde passaram.
A rara colaboração entre as duas empresas do Vale do Silício, cujos sistemas operacionais equipam 99% dos smartphones do mundo, pode acelerar o uso de aplicativos que visam levar indivíduos a testar se foram infectados ou não pelo coronavírus ou a colocá-los em quarentena de maneira mais rápida e confiável do que os sistemas existentes em grande parte do mundo.
Diferentemente do sistema europeu de rastreamento de contatos, o DP3T, que é centralizado, o aplicativo da Apple e Google irá operar de forma descentralizada no rastreamento de contatos para preservar a privacidade dos usuários.
Adesão em massa
Para ser eficaz, no entanto, o sistema da Apple e Google exigirá que milhões de pessoas optem por ele, confiando nas salvaguardas das duas empresas e na supervisão dos sistemas de saúde pública.
As empresas disseram que começaram a desenvolver a tecnologia há duas semanas para eliminar as diferenças técnicas entre o iPhone, da Apple, e o Android, do Google, que impedem a interoperação de alguns aplicativos de rastreamento de contatos existentes.
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Conforme o plano das empresas, os smartphones com a tecnologia emitirão sinais Bluetooth exclusivos. Assim, aparelhos com cerca de um metro e oitenta de distância um do outro poderão registrar informações anônimas sobre encontros.
As pessoas que testarem positivo para o vírus poderão optar por enviar uma lista criptografada de telefones que se aproximaram delas, o que acionará alertas para os usuários potencialmente foram expostos ao vírus a buscar mais informações. As autoridades de saúde pública precisarão confirmar que um indivíduo apresentou um resultado positivo antes de poder enviar os dados.
Questões de privacidade
Os registros serão misturados para manter o anonimato dos dados dos indivíduos infectados, mesmo para a Apple e o Google, além dos fabricantes de aplicativos de rastreamento, disseram as empresas. A Apple e Google acrescentaram ainda que o sistema de rastreamento de contatos não irá rastrear a localização de GPS.
As duas empresas planejam lançar ferramentas de software em meados de maio para entrar em contato com os fabricantes de aplicativos de rastreamento que elas e as autoridades de saúde pública aprovarem. Aplicativos como Private Kit e CoEpi, que entraram em contato com a Apple e o Google para obter ajuda há um mês, disseram que as novas ferramentas permitiriam que descartassem soluções não confiáveis.
Os fabricantes de aplicativos também disseram que poderão se concentrar no desenvolvimento de uma interface simples para usuários e profissionais de saúde, com a Apple e o Google lidando com questões de privacidade e Bluetooth, disse Dana Lewis, desenvolvedora do aplicativo de rastreamento de contatos CoEpi, em entrevista à imprensa internacional.
No entanto, a Apple e o Google planejam lançar atualizações do software nos próximos meses para que os usuários não precisem de um aplicativo separado para registrar telefones próximos.
O Google afirmou que as ferramentas e atualizações não estarão disponíveis onde seus serviços estiverem bloqueados, como na China ou em dispositivos Android não oficiais. A Apple distribuirá a tecnologia como uma atualização para o sistema operacional iOS, do iPhone.
Cerca de 76% das pessoas nos Estados Unidos e em outras economias avançadas possuem smartphones, de acordo com um estudo do Pew Research Center no ano passado, na comparação com cerca de 45% nas economias emergentes.
Os governos de todo o mundo têm necessidade um software que melhore o processo, normalmente trabalhoso, de rastreamento de contatos para que as autoridades de saúde possam fazer contato com uma pessoa infectada e pedir que façam quarentena ou realizem o teste. Especialistas em saúde atribuem a realização de testes em massa e o rastreamento de contatos com a razão da diminuição da propagação do vírus em países como a Coréia do Sul.