Mais de 800 suspeitos de crimes foram presos em todo o mundo ao serem induzidos a usar um aplicativo de mensagens criptografadas pelo FBI, segundo autoridades policiais. A operação que permitiu a captura dos criminosos durou três anos e abrangeu 16 países. Além da prisão dos suspeitos, as polícias locais apreenderam, no total, mais de 30 toneladas de narcóticos.
De acordo com a The Economist, isso foi possível depois que o desenvolvedor de um serviço de dispositivo criptografado conhecido como Anom se tornou uma espécie de informante em 2018. Por meio do Anom, o FBI executou um aplicativo de comunicação criptografado que foi usado principalmente pelo crime organizado. O objetivo inicial era coletar mensagens trocadas entre os criminosos e monitorar suas atividades secretamente. Mais de 20 milhões de mensagens foram recebidas por meio do Anom.
A Europol classificou a operação, batizada de Greenlight/Trojan Shield como “uma das maiores e mais sofisticadas já realizadas até hoje em território europeu”. “O Anom acabou crescendo chegando a suportar 12 mil dispositivos e mais de 300 sindicatos do crime em mais de 100 países”, afirmou a Europol.
Segundo as autoridades, o serviço de dispositivo criptografado Anom permitiu que o FBI e a Polícia Federal australiana assumissem efetivamente a distribuição de dispositivos reforçados equipados com o aplicativo para o submundo do crime. Um chefão dos narcóticos, Hakan Ayik, teria recomendado o uso do Anom a outros criminosos.
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Graças ao acesso às mensagens, as polícias locais revistaram 700 casas e efetuaram as prisões, além de terem apreendido mais de oito toneladas de cocaína, 22 toneladas de maconha e resina de cannabis, duas toneladas de drogas sintéticas, seis toneladas de precursores de drogas sintéticas, 250 armas de fogo, 55 veículos de luxo e mais de US$ 48 milhões em criptomoedas.
As autoridades adiantaram que outras operações serão desencadeadas nas próximas semanas, usando as evidências coletadas das 27 milhões de mensagens do Anom interceptadas. “As plataformas criptografadas de comunicações têm sido tradicionalmente ferramentas usadas por criminosos para contornar a aplicação da lei e facilitar o crime organizado transnacional. O FBI e nossos parceiros internacionais continuam a expandir os limites e a desenvolver maneiras inovadoras de superar esses desafios e levar os criminosos à Justiça”, disse o diretor assistente da Divisão de Investigação Criminal do FBI, Calvin Shivers, à Infosecurity. “Somos gratos à Europol pelo seu empenho na luta contra o crime organizado transnacional e pela sua parceria com o FBI”, completou.