Um dia depois de a corretora de criptomoedas FTX ter entrado com pedido de recuperação judicial devido à grave crise de liquidez que enfrenta, a empresa soltou um comunicado no sábado, 12, no qual diz que está investigando “transações não autorizadas” nas contas de clientes, que fizeram com que ao menos US$ 1 bilhão em fundos desaparecessem. Um relatório da empresa de pesquisa de criptomoedas Elliptic calcula o valor que pode ter sido roubado ou hackeado em US$ 515 milhões.
A nota é parte da mais recente saga do colapso da FTX, que afetou algumas empresas australianas. A corretora de criptomoedas Apollo Capital, que administra mais de US$ 100 milhões para clientes, tinha cerca de 1,5% de seus ativos no token nativo da FTX, que caiu 92% na semana passada. A Telstra Ventures, braço de capital de risco da maior operadora australiana de telecomunicações, havia realizado uma rodada de investimento série B de US$ 420 milhões da FTX.
Até mesmo o ex-casal Gisele Bündchen e Tom Brady teriam investido soma considerável de suas fortunas na empresa. Em 2021, o casal anunciou ter participação na FTX. Brady era um embaixador da marca e aparecia em comerciais da empresa. Gisele foi nomeada consultora de iniciativas ambientais e sociais da companhia.
No sábado, John Ray III, o recém-empossado executivo-chefe da FTX disse em comunicado que “ocorreu acesso não autorizado a certos ativos” e que a empresa estava em contato com autoridades e órgão de polícias. Como parte do processo de concordata, a empresa está transferindo seus fundos de criptomoedas restantes para um local de armazenamento mais seguro.
Na semana passada, a FTX e seu fundador Sam Bankman-Fried passaram de queridinha das criptomoedas para párias, com o pedido de concordata após uma corrida aos depósitos e um resgate fracassado da exchange de criptomoedas Binance.
A implosão da exchange já custou bilhões de dólares aos clientes em depósitos de criptomoedas perdidos, desencadeando investigações policiais que podem levar a acusações criminais. Bankman-Fried também renunciou, com Ray, um especialista em recuperação corporativa, substituindo-o.
Veja isso
Golpista cria deepfake de diretor de exchange de criptomoedas
Software pirata atrai vítimas para furto de criptomoedas
As notícias do possível hack da FTX começaram a se espalhar no Twitter na sexta-feira, 11, quando operadores de criptomoedas examinavam registros de transações públicas que documentavam o movimento de criptomoedas.
A natureza exata das transferências permanece obscura. Segundo pesquisadores de segurança, pode ter sido resultado de um hacker que obteve acesso ao sistema da corretora ou de um insider (funcionário interno) com acesso privilegiado que desviou os fundos. Questionado sobre as transferências, Bankman-Fried disse em um comunicado enviado ao The New York Times: “Estamos resolvendo isso com a equipe de falência”.
Um grande roubo provavelmente tornaria ainda mais difícil para a FTX reembolsar clientes e outros credores que já perderam bilhões de dólares que colapso da empresa. Estima-se que a FTX deve US$ 8 bilhões, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto. Em um comunicado inicial na sexta-feira, a FTX disse que tinha mais de 100 mil credores. Com agências de notícias internacionais.