Apps de espionagem e perseguição ganham espaço na pandemia

Houve aumento de 51% no uso de aplicativos de espionagem e perseguição no período de confinamento e quarentena de 2020
Da Redação
15/07/2020

Durante o confinamento e quarentena de março a junho deste ano, houve um aumento de 51% no uso de aplicativos de espionagem e perseguição (stalkerwares) quando comparados com os dois primeiros meses de 2020. Só no Brasil, a Avast protegeu nos três meses de confinamento mais de 3.048 usuários de apps stalkerwares. O número representa uma média mensal 30% acima dos dois primeiros meses do ano. Os “stalkerwares” são softwares antiéticos que permitem acompanhar a localização de uma pessoa, acessar suas fotos e vídeos, interceptar e-mails, textos e comunicações de apps como WhatsApp e Facebook e chamadas telefônicas, gravando tudo sem o conhecimento da vítima. 

Esse aumento de spywares e stalkerwares desde março de 2020, não se limita apenas ao Brasil. A Avast protegeu mais de 43.000 usuários contra esses ataques no mundo todo. Dados específicos dos países indicam que 3.531 usuários foram alvos nos Estados Unidos, 1.784 na Alemanha, 1.648 na França e 1.554 no Japão. 

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Essa crescente ameaça digital coincide com o aumento da violência doméstica, chamada por Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora executiva da ONU Mulheres, de “epidemia oculta” do coronavírus. No Brasil, por exemplo, dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que houve um crescimento no número de denúncias de violência contra a mulher no Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência). O total passou de 15.683 denúncias entre março e abril de 2019 para 19.915 denúncias no mesmo período este ano – portanto, um crescimento de 27% entre 2019 e 2020.

Somente em abril deste ano, quando comparado a abril de 2019, o aumento de denúncias foi de 37,6%. O aumento de dispositivos conectados e a disponibilidade de aplicativos furtivos de espionagem e perseguição são outras maneiras que os abusadores utilizam para exercer controle sobre suas vítimas.

Os pesquisadores da Avast também observaram vários aplicativos relacionados à Covid-19 projetados para espionar os usuários, coletando mais informações do que seria necessário para seu funcionamento.

Jaya Baloo, CISO da Avast, destaca: “Os stalkerwares são uma categoria crescente de malware doméstico, com implicações perturbadoras e perigosas. Enquanto os spywares e infostealers procuram roubar dados sigilosos, os stalkerwares são diferentes: roubam a liberdade física e online das vítimas. Geralmente instalado secretamente em telefones celulares por falsos amigos, cônjuges ciumentos, ex-parceiros e até pais preocupados, os stalkerwares rastreiam a localização física da vítima, monitoram sites visitados na internet, mensagens de texto e telefonemas, prejudicando a liberdade online e a liberdade individual da pessoa”.

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