A nove dias de deixar o cargo, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que vai criar um escritório de segurança cibernética. Ele não esclareceu, porém, se a unidade será implantada pela administração de Joe Biden, que já anunciou outras medidas em relação à cibersegurança.
Pompeo anunciou na quinta-feira passada, 7, que instruiu o Departamento de Estado a criar o Birô de Segurança do Ciberespaço e Tecnologias Emergentes (CSET, na sigla em inglês). A unidade foi proposta originalmente em 2018 para liderar os esforços diplomáticos do governo dos EUA em uma ampla gama de questões de política de tecnologias emergentes e segurança cibernética internacional.
“A necessidade de reorganizar e fornecer recursos ao ciberespaço da América e à diplomacia de segurança de tecnologia emergente por meio da criação do CSET é crítica, pois os desafios à segurança nacional dos EUA apresentados por China, Rússia, Irã, Coreia do Norte e outros têm aumentado desde que o departamento notificou o Congresso em junho de 2019 de sua intenção de criar o CSET”, disse Pompeo em um comunicado.
Mas o ex-coordenador cibernético do Departamento de Estado, Chris Painter, classificou o anúncio de Pompeo de “risível”. Painter foi afastado do cargo quando o ex-secretário de Estado Rex Tillerson fechou o escritório do coordenador cibernético em 2017. Ele agora atua como presidente do Fórum Global de Expertise Cibernética. “Neste ponto, a nova administração deve decidir a melhor forma de estruturar esta questão e onde ela deve ser colocada. Tanto a Solarium Comm [Cyberspace Solarium Commission] quanto a Lei de Diplomacia Cibernética pediram um escopo mais amplo e integrado e um nível superior no Departamento”, tuitou Painter na quinta-feira.
A criação do CSET foi ideia de Tillerson, em fevereiro de 2018, depois de fechar o escritório do coordenador de questões cibernéticas no ano anterior. Pompeo reintroduziu o conceito de criação do CSET em junho de 2019. Naquela época, o CSET foi proposto para ter cerca de 80 funcionários e um orçamento de US$ 20,8 milhões, de acordo com o Cyberscoop.
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Em setembro do ano passado, o Government Accountability Office, órgão do Poder Legislativo dos EUA, semelhante do Tribunal de Contas da União no Brasil, analisou a proposta de criação do birô e recomendou que o Departamento de Estado trouxesse outras agências federais que contribuem para a diplomacia cibernética no planejamento do novo birô. “Sem envolver e se comunicar com os parceiros da agência em seu plano de reorganização, o Estado carece de garantia de que alcançará efetivamente seus objetivos para estabelecer o CSET e aumenta o risco de efeitos negativos de fragmentação desnecessária, sobreposição e duplicação de esforços de diplomacia cibernética”, diz relatório das agências de vigilância do governo dos EUA.
Ainda não está claro se a administração de Biden será responsável pela implantação do birô. Fontes ligadas ao novo governo dizem que Biden nomeará a diretora de segurança cibernética da Agência de Segurança Nacional (NSA), Anne Neuberger, para assumir uma função de segurança cibernética que será estabelecida dentro do Conselho de Segurança Nacional. Neuberger supostamente será responsável por coordenar os esforços de segurança cibernética do governo federal, com foco inicial na violação da SolarWinds.
Biden classificou o hack da SolarWinds de “grave risco para a segurança nacional”. A administração Biden também precisará abordar as implicações à segurança cibernética de manifestantes que invadiram o Capitólio na quarta-feira, 6, quando alguns dispositivos foram roubados e outros foram potencialmente expostos. Com agências de notícias internacionais.